terça-feira, 6 de junho de 2017

As influências e dificuldades em se adaptar o estilo de H.P. Lovecraft para o cinema



Introdução

"A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o mais antigo e mais forte de todos os medos é o medo do desconhecido."
- H.P. Lovecraft

Howard Phillips Lovecraft foi um escritor de horror, terror, suspense e fantasia americano nascido em Providence, Rhode Island em 1890. Lovecraft foi precursor do gênero literário de horror/terror chamado horror cósmico, ou cosmicismo. Em suas obras, o sobrenatural incorporava uma capa de ficção cientifica dando lugar para monstros e deuses alienígenas onde nos trabalhos de seus antecessores cabia o mágico e espiritual.

A filosofia empregada no horror cósmico trás temas como a insignificância completa da humanidade frente a existência de seres transcendentais dos próprios conceitos de tempo e espaço. Mesmo que em muitas das obras de Lovecraft, humanos aparecem de alguma maneira interagindo com tais seres, a ideia do autor é a de absoluta indiferença de tais entidades pela presença humana, sendo em muitos casos as entidades veneradas como deuses por cultos pagãos reclusos.


Na citação inicial, Lovecraft resume toda a ideia do cosmicismo e de suas obras como um estilo diferente dos até então clássicos romancistas de horror góticos como Bram Stoker e Mary Shelley. O relacionamento humano com o verdadeiro desconhecido, sobrenatural é narrado em seus contos de forma psicológica. Lovecraft mostra de forma crua o que aconteceria com um ser humano saudável caso entrasse em contato com seres extradimensionais e forças além da compreensão. A verdade seria muito longe do que é mostrado centenas de vezes em superproduções hollywoodianas onde o herói corajoso derrota a criatura sobrenatural ou a bane de nosso plano de existência. A mais realista das possibilidades, a qual Lovecraft apresenta em seus trabalhos é a de que o individuo mergulharia na mais completa loucura pela inabilidade de compreender as grandezas e possibilidades de tais coisas existirem.


Tamanha a importância do autor para a literatura de horror moderna que foi cunhado o termo lovecraftiano para determinar obras de outros autores, tanto na literatura como em outras mídias, que utilizam do estilo de horror cósmico, além das assinaturas visuais como monstros tentaculares e amorfos. H. P. Lovecraft viria a se tornar o grande ícone que é apenas com a popularização de sua mitologia, os chamados Mitos de Cthulhu, nome dado pelo escritor August Derleth, o qual sistematizou e criou, propriamente dizendo, o panteão de Lovecraft colocando os deuses e entidades em ordenação.

Apesar do trabalho de Derleth ter sido o que fez Lovecraft tão popular hoje, ele tira todo o brilho do 'desentender' a natureza de tais entidades. O simples proclamar de nomes ininteligíveis em meio a um ritual que se repetem ao longo das histórias de Lovecraft foi o que causou tamanho interesse e curiosidade pela possibilidade de uma conexão. Contudo, da mesma maneira que muitas das informações acerca de antigas mitologias quase esquecidas são completamente desconhecidas, as prosas e versos das Eddas nórdicas ou as Ilíada e Odisseia de Homero, ou a Teogonia de Hesíodo, são apenas interpretações e sistematizações dos mitos e histórias, compartilhadas oralmente, Derleth fez com as obras de Lovecraft. A diversão real é o uso da imaginação pessoal em tentar trazer um sentido próprio para a ligação de nomes tão amplamente citados nos contos como Necronomicon, Abdul Alhazred, Nyarlathotep, Yog Sothoth, Cthulhu, Shub Niggurath, entre outros, sem a necessidade de um guia.


Como dito pelo próprio Stephen King, um dos maiores autores de ficção da atualidade, e o maior símbolo da literatura de terror no mundo hoje "Creio ser incontestável que H.P. Lovecraft ainda não foi superado como o maior praticante dos contos de terror clássicos do século XX." Stephen King, como outros autores modernos, é um influenciado direto das obras de Lovecraft, que por sua vez também teve suas influências como Edgar Alan Poe, Robert W. Chambers, entre outros. King, tem dezenas de obras de sucesso adaptadas para os cinemas, entretanto é realmente difícil encontrar adaptações diretas de contos de Lovecraft, mesmo seus trabalhos estando em domínio público. Um dos fatos principais que talvez indiquem o porquê de tamanha escassez de filmes lovecraftianos é a dificuldade de transpor para um mídia de massa o pessimismo e a incapacidade humana de contato, menos ainda de combate com Deuses em comparação à pequenez humana. O próprio recurso visual que é fundamental no cinema acaba sendo uma faca de dois gumes, onde nas poucas obras com toques do estilo do autor, o ato de mostrar demais destrói completamente a experiência. 

No decorrer desse projeto, citarei obras cujo estilo narrativo e visual do autor imperam e onde acabaram por falhar na execução de transpor tal atmosfera para o cinema. Poucas que sejam, algumas ainda conseguem certo êxito, porém não muito comum de acontecer. 

Lovecraft no Cinema

Usualmente para se descrever uma obra, tanto literária quanto audiovisual, que se pauta no sentimento de medo, é usado o termo 'terror'. Entretanto nem todas as obras do tipo são necessariamente do gênero terror.

Podemos dividir as obras comumente associadas à classificação de terror entre suspense, terror e horror, as quais resguardam características particulares umas das outras.

Suspense: são situações que causam ansiedade e inquietude no expectador/leitor, deixando-o no aguardo da solução ou conclusão. Ex: Momentos de tensão, em que algo realmente está para acontecer mas é cozinhado em banho Maria para criar a expectativa.


Horror: são cenas visualmente agressivas, que causam repulsa, arrepios ou pavor. Ex: Cenas de assassinato, estupro, tortura ou de vislumbrar algum monstro grotesco.


Terror: momentos propriamente apavorantes, que usam o recurso do medo como ferramenta. Ex: situações em que o personagem é colocado em perigo real de vida ou contato com o completo desconhecido.


Não necessariamente uma obra cinematográfica deve conter apenas uma dessas características, na verdade muito raramente isso acontece. Horror, terror e suspense se entrecruzam muito comumente em filmes, e na realidade, para a existência de uma verdadeira boa obra de "terror", é necessário que as três características encontrem um equilíbrio.

Lovecraft utiliza dos três elementos em suas obras. O suspense da pesquisa do personagem pelos males desconhecidos, o horror do contemplar as criaturas disformes e incompreensíveis, e o terror da realização de quão pequenos somos e da descoberta de que tais coisas podem e, de fato, existem.

Alguns contos de Lovecraft foram adaptados diretamente para o cinema, como é o caso de "A Sombra Sobre Innsmouth", cuja história foi transposta no filme "Dagon" de 2001. Elementos como o culto sombrio da 'Ordem Exotérica de Dagon', e da fuga alucinada do protagonista dos aldeões da cidade completamente entregues ao deus alienígena, funcionam. O suspense da tentativa frustrada de escapar da cidade, o horror visual dos cidadãos mutantes com aparência de peixe, tudo isso é competente. Contudo o terror falha em certo ponto. Funciona nos momentos de histeria do protagonista em não desejar se entregar ao destino que lhe aguarda, mas falha na superexposição que existe no final do filme.


Lovecraft é conhecido por economizar em elementos visuais, mas quando o faz, ocorre a kátharsis (purificação) em que tudo o que foi contido até então é recompensado. E brincando com o conceito grego usado na tragédia para a purgação da alma, Lovecraft o inverte e entrega completamente a mente e alma do personagem à loucura.

Dagon, em seu final, entrega demais. É muito comum no cinema ocorrer a catarse visual ao final do filme, onde o aguardo é recompensado pela revelação da forma real do monstro. Contudo, muitas vezes, juntamente com o visual, não ocorre a catarse emocional e espiritual, nem no personagem, e ainda pior, nem no público.


Poucos são os filmes adaptados diretamente das obras do autor, pelo menos os reconhecidos pelo grande público e de fácil acesso aos apreciadores de filmes lovecraftianos. Muitos são, porém, aqueles que utilizam de suas assinaturas, tanto visuais quanto conceituais, a figurarem como grandes nomes.

A franquia 'A Hora do Pesadelo', criada por Wes Craven, é um exemplo de terror slasher que foge do habitual assassino psicopata, armado simplesmente de algum tipo de arma branca e que extermina os adolescentes da vizinhança. Sim, os filmes de Freddy Krueger são munidos dessas características, mas o que os tornam diferentes e mais interessantes é o poder de Krueger de, dentro dos sonhos, distorcer a realidade das maneiras mais diversas e bizarras possíveis a fim de executar suas vítimas. Lovecraft tem extrema familiaridade com o sonhar. Não apenas em seus mundos oníricos retratados amplamente em contos como 'A Busca Onírica por Kadath', mas a interação indireta entre os Grandes Antigos e os pesadelos dos protagonistas.


É muito comum se perguntar a escritores a origem de sua ideias, e dessas origens, muitos afirmam ser os sonhos o ponto de partida. Lovecraft não é diferente. Muito de sua criação surgiu a partir, não de sonhos, mas sim de pesadelos, o que ele transpôs em suas obras da mesma maneira. O mais possível contato entre um ser humano e a consciência de um ser onipotente que dorme no fundo do oceano, e a simples força do sonhar desse ser é capaz de influenciar os sonhos e mentes de humanos a ponto de enlouquecê-los. 

Na obra prima de John Carpenter, 'The Thing' ou 'O Enigma de Outro Mundo', uma equipe de arqueólogos situados na Antártida se deparam com um cachorro infectado por uma forma de vida alienígena que consome o hospedeiro e assume sua forma. O que não faltam são comparações entre este filme e um dos maiores clássicos de Lovecraft 'Nas Montanhas da Loucura', onde uma equipe de cientistas descobre, também na Antártida, vestígios de uma espécie alienígena que habitava a Terra milhões de anos antes.


Carpenter não apenas usa da mesma ambientação que a história de Lovecraft, mas amplia, utilizando o visual da criatura disforme tão comumente presente em Lovecraft. Não seria ir muito longe comparar a coisa do filme de Carpenter com a criatura de terror principal de Nas Montanhas da Loucura. O Shoggoth que Lovecraft nos presenteia com meros vislumbres de descrição como sendo uma criatura literalmente sem forma definida, um aglomerado de tentáculos, bolhas e olhos rastejante que o simples olhar de uma fração da criatura já leva à completa insanidade. John Carpenter criou a coisa, uma forma de vida igualmente sem forma utilizando da maestria dos efeitos práticos da época, dignas do mais puro horror visual, no sentido real da palavra.


O próprio nome original do filme "a coisa" remete completamente a uma das palavras favoritas de Lovecraft: "impronunciável", algo tão estranho e impossível de se entender que sequer somos capazes de dar um nome. Em quesitos visuais, horror e no suspense criado da suspeita entre os membros da equipe para saber quem é o monstro escondido e quem não é, O Enigma de Outro Mundo é o mais brilhante filme a incorporar o estilo de Lovecraft. Porém falta o terror. Diferente da loucura que acomete os exploradores de Nas Montanhas da Loucura, os envolvidos nesse filme apenas demonstram estranheza à criatura bizarra. Alguns sofrem leves surtos psicóticos, mas nada suficiente para representar na integra o que de fato significa o horror cósmico.

Baseado no famoso conto de Stephen King, o filme "O Nevoeiro" também traz os elementos padrões de uma obra com os toques de Lovecraft. A névoa desconhecida trouxe consigo criaturas de outras esferas, monstros tentaculares e diversos. Um grupo de pessoas acaba sendo isolado em um super mercado onde o nevoeiro e as criaturas não entram. Junto disso tudo, surge a histeria coletiva de algumas pessoas alegando ser o apocalipse e a já conhecida multidão enfurecida, clássica desde os tempos de Frankenstein surge em ambiente fechado exigindo o exílio dos nosso heróis do porto seguro deles que é o super mercado.


O final do filme é impactante pelo sacrifício que o pai faz, matando o filho com a ultima bala restante em seu revolver, sem esperança de qualquer tipo de salvação. Porém, minutos depois, uma companhia de militares surge mostrando que a morte do filho foi em vão, para o desespero do pai. Isso é, no mais intimo, a filosofia pessimista e desesperançosa de Lovecraft em ação. A falta total de esperança, a entrega de seu ente mais querido aos braços da morte e a catarse do arrependimento e da dor ao ver que tudo o que você fez foi em vão pois forças maiores operam e não dependem do seu aval. 

Na trilogia de filmes criada por Sam Raimi, 'Evil Dead', um dos elementos mais importantes e comuns dos trabalhos de Lovecraft é incorporado à mitologia pessoal dos filmes, só que claro, com modificações. O Necronomicon, o livro maldito que o simples fato de ler pode levar à beira da loucura. Claro que se tratando de uma franquia de filmes que, iniciou-se como terror mas sofreu uma mutação e ao longo dos filmes incorporou um tom muito mais cômico, era de se esperar que não existisse de fato um horror lovecraftiano. Além da presença do Necronomicon, um dos poucos momentos perceptíveis de influência do autor é na segunda instância da franquia, no momento em que Ash, o protagonista, se vê perturbado pelo fato de que todos os objetos e móveis da cabana acabam ganhando vida magicamente. Obviamente se tratava de um surto psicótico, levado tanto pelo trauma sofrido no filme anterior como pela presença de uma entidade sobrenatural no local. Tanto que o momento de catarse em que Ash se entrega completamente ao abismo da loucura, morre e renasce para ser o herói do restante do filme e da franquia é quando ele decepa a mão possuída com uma serra elétrica, a qual ele acopla no cotoco depois.


Ainda nos mantendo em comédia, um filme que trabalha como sátira não apenas da franquia Evil Dead, como do cinema de terror como um todo é 'O Segredo da Cabana' de 2011. Tendo o característico grupo de adolescentes preso numa cabana em meio à uma floresta (referência direta a Evil Dead), com os clássicos estereótipos do gênero ali presentes "o jogador de futebol americano", "a loira", "o negro", "o maconheiro" e "a virgem", prontos para um sacrifício em honra de ninguém mais do que os Grandes Antigos. O filme faz a sátira de que todos os filmes de terror são controlados remotamente por um grupo de pessoas que monitoram os heróis e que, em suas capacidades, manipulam o ambiente para que o grupo acabe todo sendo sacrificado pela criatura que escolheram ao acaso no inicio da jornada. Apesar da presença de deuses diretamente relacionados aos de Lovecraft, nada mais é do que um "fan service" que o filme trás, ficando mais na qualidade de sátira de filmes de terror, maneira que funciona de forma exemplar.


Voltando ao mestre do terror no cinema, John Carpenter, há outro filme dele digno de nota. 'À Beira da Loucura' é um filme diretamente influenciado por H.P. Lovecraft. Trata da história de um detetive particular que investiga o repentino desaparecimento de um escritor de terror de sucesso. O escritor desaparecido estaria supostamente escrevendo um novo romance, um livro que ao ser lido, levaria as pessoas a loucura, assim como o já citado Necronomicon. Num certo momento do filme quando o escritor é questionado sobre quem não ler o livro, ele apenas rebate dizendo da adaptação para os cinemas que sairia muito em breve, fazendo uma clara correlação à Stephen King que na época era escritor de maior fama e relevância nos Estados Unidos.


O ponto do terror, particularmente do horror cósmico, é perfeitamente representado no filme, contudo tanto o horror, que muito levemente é abordado, como o suspense, acabam deixando a desejar.

Citando agora um último filme, este não contendo nenhum elemento de Lovecraft, mas um exemplo de um magnífico filme de terror, que congrega primorosamente tanto terror, quanto horror e suspense. 'A Bruxa' de 2015 é uma obra de arte na execução desses elementos. Podendo funcionar tanto como um filme de drama familiar religioso, como uma alegoria a criticas de conservadorismo religioso e um conto sobre libertação feminina, também cabe ao filme todo o simbolismo religioso cristão e de contos de fadas medievais. O filme mantém um suspense com a dúvida de se existe ou não uma bruxa realmente e, se sim, que fim levaram suas vitimas. O horror é contido, porém é eficaz para manter a atmosfera e mostrado apenas em situações realmente necessárias. Já o terror, é aí onde o filme realmente brilha. Não apenas o medo dos personagens do filme, mas como o medo das pessoas de toda uma época com a ira de deus e, mais ainda, do diabo que, dum ponto de vista cultural, existia de fato num mundo controlado pelo medo e pela fé fervorosa.


Se fizermos um exercício forçado, podemos encontrar Lovecraft até mesmo ali. Lovecraft utilizou muitas vezes em suas histórias a presença de bruxas e citava constantemente rituais pagãos de bruxaria como meios de contato com o que, a primeira vista seriam demônios ou o próprio Satanás. Em sua mitologia particular, o autor realizou um sincretismo de seus mitos com os de outros povos. O "homem negro", que é muitas vezes referenciado em escrituras antigas como o guia das bruxas em seus sabás, possivelmente o próprio diabo, em Lovecraft assumia a forma de uma de sua principais criações: Nyarlathotep, que assim como Satanás, teria muitas formas e nomes.

Dessa maneira, podemos imaginar que, se ambientado numa realidade lovecraftiana, Black Phillip de A Bruxa, seria na verdade Nyarlathotep. Mas o ponto principal em que o filme tem êxito é em seu final, onde a protagonista Thomasin vai ter com o bode e neste momento, diferente de muitas obras, o ato de não mostrar demais, de conter o visual e de apenas dar o vislumbre da forma humana assumida pelo bode, é ali que filmes com temática Lovecraft deveriam aprender e seguir.


Para descrever de forma mais concisa possível o quão intangível é o horror de Lovecraft, vale citar outro de seus maiores clássicos 'A Cor Que Caiu do Espaço'. Basicamente a história fala sobre uma fazenda que foi assolada pela radiação de um meteorito vindo do céu o qual trouxe, nada mais, nada menos do que uma cor. Uma cor irreconhecível e diferente de todo o espectro visual. Fica claro dessa maneira o quão difícil é adaptar algo completamente visual como uma cor desconhecida para uma mídia audiovisual.



 Conclusão

Com o projeto do filme de Nas Montanhas da Loucura pelo diretor Guillermo del Toro congelado, e muito possivelmente cancelado, é muito difícil ter esperança de alguma adaptação direta do autor para os cinemas em produções grandes. Filmes menores e desconhecidos baseados em suas obras existem aos montes, mas para um autor de tamanha importância e influência, criador de um dos maiores ícones modernos de monstros da cultura pop que é seu Cthulhu, é mais do que justo algo grandioso e digno de seu trabalho. 


Não funciona exatamente como uma receita de bolo infalível, aplicar o terror, horror e suspense em doses equivalentes para criar uma atmosfera até a recompensa final que é a revelação do horror e a destruição da esperança e sanidade do herói. Como já citei no inicio, é difícil trazer histórias pessimistas, em que a loucura ou a morte são os mais prováveis destinos para os personagens envolvidos em megaproduções hollywoodianas, numa industria que vende constantemente a felicidade paga e fantasiosa.

Embora falte colhões para o cinema se aventurar no cosmicismo, uma outra mídia que tem se mostrado tão popular e poderosa quanto, vem criando obras dignas do autor, claro que não perfeitas em sua execução. Os video games por serem uma forma de entretenimento em ascensão e para um publico mais de nicho, demonstra uma envergadura maior nesse sentido.
Jogos como Bloodborne, Amnesia: The Dark Descent, a franquia Silent Hill e até mesmo o jogo diretamente adaptado de Lovecraft, Call of Cthulhu: Dark Corners of the Earth trazem consigo tanto as identidades visuais como os conceitos do horror cósmico de forma muito mais eficiente do que as feitas pelo cinema.


Você pode até não ter lido nenhuma história do autor ou nunca ter ouvido falar dele, mas seu legado é presente em toda cultura pop, da literatura para a música passando pelo cinema, até os video games.


Como o próprio Guillermo del Toro disse sobre a dificuldade de adaptar Nas Montanhas da Loucura "É muito difícil para um estúdio se arriscar em fazer um filme para maiores com um final difícil e nenhuma história de amor. Ainda mais sendo algo de época e de um escritor que tem uma base de leitores grande, mas que não pode ser quantificada porque suas obras são domínio público." O cinema para o grande público não está preparado para megaproduções desse tipo, nem o público, muito menos os estúdios. Resta esperar que em algum momento, quando este movimento eterno de venda de produtos alegres e feitos para toda a família, com o intuito apenas de entreter e divertir, sem nenhuma intenção de refletir, passe para que Lovecraft finalmente brilhe fora de produções pequenas e vá para as grandes telas, não apenas com toques mas sim com toda sua potência.


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