sexta-feira, 22 de abril de 2016

Deus (não?) está morto

Tem um filme pra estrear aí que estou muito ansioso para assistir chamado "Deus Não Está Morto 2". Por que logo eu quero tanto ver esse filme? Bem, para explicar tenho antes que falar sobre o primeiro filme.

Há algum tempo, eu via meus amigos evangélicos falando desse filme Deus Não Está Morto e compartilhando coisas dele no Facebook. Acabei que me deparei com ele no Netflix. Li a sinopse e achei a premissa do filme interessante. Um estudante cristão que tem um embate filosófico com seu professor ateu para provar a existência de deus.

O negócio é que o interessante fica só na sinopse mesmo. Como eu posso descrever essa obra? Um filme feito por cristãos fanáticos para cristãos fanáticos, cegos pela fé, talvez?

Vamos começar pelo inicio. Temos um jovem (não me lembro o nome de ninguém do filme pois faz bastante tempo que o assisti) que ingressa em uma turma de filosofia onde o professor é um ateu, e esse nosso jovem protagonista, cristão. Até aí tudo bem, entretanto, logo que somos apresentado ao professor (que diversas pessoas já tocam o pavor no jovem estudante por usar um crucifixo dizendo que vai ser braba a aula de filosofia com esse professor), o dito cujo faz um espetáculo digno de sua reputação de tirano ateu.

Nosso professor, que aqui encarna o papel de vilão, apresenta diversos pensadores e filósofos na lousa e pergunta à turma: o que todos eles tinham em comum? Logo responde: Todos eram ateus. Nosso tirano professor então cita a famosa frase de Nietzsche "Deus está morto" e diz para que todos os seus alunos escrevam em uma folha a mesma frase. Contudo, o jovem cristão supracitado é o único da sala que se recusa a faze-lo. O professor diz que se ele não escrever a frase, perderá pontos, o jovem permanece resoluto. O aluno então faz uma proposta ao de que nas próximas aulas se ele conseguir provar que deus existe, ele passa na matéria, e quem julgaria o desempenho dele seria a turma. O professor receoso, aceita.

Ok, tudo bem até ai, mas depois disso nós temos esse professor ameaçando o aluno dizendo que ele não vai humilha-lo em publico e coisa e tal. Além de diversas histórias paralelas que vão se ligar em algum ponto pela glória de deus, obviamente. Vamos então ao embate: Os argumentos usados pelo jovem são tirados da bíblia, risíveis, a maioria do antigo testamente, principalmente do gênesis onde ele tenta corroborar com a ideia do big bang. O professor consegue desmontar os argumentos do aluno com um único dos seus. Noutro dos dias de embate, o aluno vai novamente ao pódio e desafia o professor dizendo não que ele não acredita em deus, mas sim que ele tem raiva de deus, que ele acreditava em deus pois em um momento dos embates o professor cita um trecho da bíblia.

O professor é então desconstruído, os alunos todos se levantam dizendo "deus não está morto" e o aluno vence o duelo "filosófico". Perai, então só porque um ateu conhece um trecho da bíblia quer dizer que algum dia ele foi cristão? Quer dizer que todo ateu na verdade tem raiva de deus ao invés de não acreditar nele?

Vamos para outro núcleo do filme que é o da garota muçulmana. Existe uma menina muçulmana no filme que claramente tem vergonha de andar de burka em público e só a usa por vontade do pai. Em um certo momento, a menina está em casa, ouvindo um uma banda de pop gospel quando o pai a flagra e começa a brigar com a garota e bater nela. a menina então começa a chorar e dizer "não pai, eu amo Jesus, ele é meu salvador" ou coisa parecida e acaba por fugir de casa.

Tem um outro núcleo que é o do garoto chinês, cujo pai, por viver na china comunista, é ateu e não aceita o filho acreditar em deus. Assim, esse jovem garoto, assim como a menina muçulmana logo criam laços de amizade com o rapaz que está em embate com o professor, assim graças a essa iniciativa de ascender o cristianismo no coração das pessoas, esses dois indivíduos oprimidos pelos seus pais encontram sua verdadeira fé em Cristo Jesus, o verdadeiro e único salvador.

Sem contar que o professor ateu que na verdade tem raiva de deus é casado com uma cristã que vive humilhando-a entre amigos também ateus por ela acreditar em deus até o ponto dela abandona-lo por sua atitudes de um ateu opressor. Tem um outro núcleo de uma repórter que também tem raiva de deus que acaba se convencendo de que deus é bom ao conversar com a bandinha de pop gospel.

No grande clímax do filme, quanto está todo mundo indo para o show dessa banda gospel, o professor, já arrependido de tratar sua mulher como um ser inferior simplesmente por acreditar em uma entidade cósmica imaginária, corre em direção ao tal show para pedir perdão quando, de repente é atropelado. Aí aparecem dois padres pra ele que eu não faço ideia do porquê estarem no filme além de dizer o tempo todo "deus é bom o tempo todo e o tempo todo deus é bom". Esses padres, pastores ou sei lá o que, fazem a extrema unção do professor, mas antes de morrer, nosso terrível tirano professor se arrepende de seus pecados e aceita Jesus em seu coração indo diretamente para os portões do céu.

Daí temos dois padres dizendo que a noite foi boa por ter uma pessoa convertida ao cristianismo apesar dela ter acabado de MORRER na frente deles! Depois disso temos um lindo show de música gospel com a música "deus não está morto". Fico pensando, esse filme todo pra divulgar uma banda de pop gospel e sua musica nova? Ok, né.

O filme acaba, temos um ateu tirano que tem raiva de deus arrependido, um aluno cristão que converteu sua turma inteira com argumentos tão furados quanto uma peneira, além de "provar" que deus existe apenas por derrotar seu professor fazendo ele ficar com birra.

O que aprendemos no final do filme então: O cristianismo é a verdadeira, unica e infalível religião do mundo; ateus são todos maus caráter que não respeitam a fé alheia e que na verdade tem raiva de deus; muçulmanos e comunistas são maus que no fundo querem destruir a liberdade de seus filhos; deus existe baseado apenas nas histórias bíblicas e devemos desconsiderar séculos de ciência em prol de um livro cheio de contradições. Ahh, e musica gospel é legal.

Agora, por que eu quero ver a continuação desse filme preconceituoso em todos os sentidos, não apenas com ateus mas com todas as religiões do mundo que não o cristianismo? Porque eu quero ver quão fundo vai o buraco, quero ver o que eles vão aprontar dessa vez. Se nesse primeiro filme eu me seguirei para não vomitar, quero ver o que nosso nobres religiosos vão nos apresentar sendo que vai ser numa escala ainda maior.


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