domingo, 6 de março de 2016

A trajetória da mulher na história e a importância do feminismo

O dia internacional da mulher está chegando, e eu gostaria muito de falar sobre um tema muito em pauta atualmente: o feminismo e a sua importância.

Eu estava  lendo há pouco a introdução do livro 'O Martelo das Feiticeiras' e em sua Intro, a editora faz alguns apontamentos muito interessantes sobre a trajetória da mulher na história. As civilizações mais primitivas, coletoras e caçadoras de pequenos animais viviam em uma sociedade matriarcal, a mulher e o homem viviam em igualdade social, porém o status espiritual da mulher era considerado divino dado a sua capacidade de gerar a vida. Conforme as sociedades humanas foram se desenvolvendo para a caça e a necessidade do uso da força, a mulher começou a ter um papel cada vez menor na sociedade limitando-se apenas à reprodutora. Onde antes o útero era o centro do sistema social, passa a ser o falo. E assim acontece com as religiões.

As religiões seguem  o mesmo caminho da sociedade como um espelho de sua evolução. Onde as primeiras formas de mitos o deus primordial criador da vida possuía a forma da grande mãe, assim como foi o desenvolvimento da sociedade para o patriarcado, os mitos foram se metamorfizando e novas religiões passaram a adotar com o tempo, primeiro deuses andrógenos, depois um deus macho que elimina a deusa mãe e assume seu lugar como grande deus, até finalmente um grande deus criador masculino.

No caso do cristianismo temos esse grande deus masculino, Jeová. Nesse ponto a sociedade humana já havia assumido uma característica totalmente patriarcal onde a mulher era submissa ao homem que possuía a força para a caça, a guerra e a conquista. Séculos mais tarde do nascimento da fé cristã, temos a idade média onde a maior repressão ao sexo feminino acontece. O sexo é considerado um ato demoníaco, e a mulher é aquela que representa o ato sexual. A mulher é Eva, ela tenta o homem que é o filho de deus, Adão, e a mulher é filha do homem, fruto de sua costela. A mulher para a igreja é impura, lascívia, ela é o caminho para o pecado da sexualidade. Então devemos queima-las. Não somente as mulheres eram aquelas que guiavam ao pecado como elas dominavam os conhecimentos de curandeirismo nessa época, assim ganhando fama de bruxas.

Milhares de mulheres e hereges foram mortos pelas fogueiras inquisitoriais da santa igreja. Hoje, existe uma liberdade feminina gigantesca que faria os bispos e papas da inquisição chorarem de horror. Mas não é o bastante. Durante os séculos XIX e XX, a luta pela igualdade dos sexos foi enorme. Mulheres não podiam trabalhar, não podiam votar. Mesmo depois de conquistarem esses direitos básicos de um cidadão civilizado, ainda hoje uma mulher ganha menos do que um homem.

A inquisição pode ter terminado, bruxas podem não mais ser queimadas na fogueira, mas mulheres ainda são espancadas em suas próprias casas por seus maridos, estupradas nas ruas enquanto voltam de seus trabalhos a noite. O tempo passou, mas o mundo não mudou. Levou milênios para que de uma sociedade matriarcal transformasse em patriarcal. Nossa sociedade atual considerada evoluída se comparada com uma sociedade pré-histórica em que homem e mulheres possuíam papéis iguais na sociedade, de evoluída não tem nada.

A mulher hoje sofre esse estigma de ser inferior por ser considerada um objeto, um símbolo de prazer para simplesmente satisfazer os desejos do homem através do sexo. A sociedade patriarcal condiz e não confronta esse fato. Se eu sou um homem, um ser superior, por que eu não posso então estuprar esta mulher, esse ser inferior, esse objeto que existe apenas para me satisfazer aqui no meio da rua?

A existência de um dia internacional da mulher, um dia da consciência negra, dia do orgulho LGBT não passa de efeito placebo. As minorias não querem apenas um dia para lembrarem seus sofrimentos passados e presentes, diários. As minorias querem uma sociedade que não cruze os braços frente a ineficiência do estado e ao preconceito e violência diários.

Sim, levaram milênios de anos para mudar de sociedade matriarcal para patriarcal, mas nossa espécie, as sociedades humanas eram primitivas para perceber o erro e a involução social. Hoje somos evoluídos o suficiente para perceber quando estamos agindo de forma errônea. Porém o orgulho do macho que não admite o erro e não enxerga além do umbigo do homem mantém o falocentrismo.

O macho com orgulho ferido que não admite apoiar uma causa feminista. O macho alfa que almeja acasalar com o maior número de fêmeas numa única noite para se provar o garanhão da alcateia. O macho religioso que considera a fêmea inferior pois assim foi dito em seus livros sagrados. Mas o pior de tudo é a fêmea que de tão alienada pela sociedade patriarcal, se aceita como inferior ao macho sem questionar.

A sociedade hoje em já é capaz de mutar para outro tipo de forma de existência. O feminismo que em conceito é a igualdade dos sexos é a opção ideal. Eu sou homem e não tenho vergonha de me considerar um feminista. 


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