terça-feira, 1 de março de 2016

Da futilidade de uma graduação em Artes

Hoje eu resolvi abordar um tema que está me incomodando há algum tempo já, a necessidade de um curso de graduação de artes existir. Eu cursei dois semestres de artes visuais antes de perceber que aquilo não era para mim e me decidir por outro curso. Eu nunca me identifiquei muito com aquilo que eles queriam me ensinar ali, pra mim aquilo não era arte, era outra coisa.
O problema maior de um curso de artes visuais é que lá você não aprende a fazer arte, você aprende a fazer um produto. Arte é sobre transmitir uma mensagem, sobre seu autor ou criador querer se comunicar com seu público através de sua criação, mesmo que sua mensagem seja simplesmente entretenimento. Em uma graduação de artes, não é ensinado o valor ético, o peso filosófico da arte e como transmitir uma critica, uma mensagem pessoal ou um valor, mas se baseia somente em como vender essa "arte" e lucrar o máximo possível com esse produto.
Não posso negar que as técnicas de criação em desenho, fotografia, cinema, softwares, etc são ensinados bem, porém são ensinados com um propósito errado. O artista é em primeiro lugar um comunicador, em ultimo lugar ele deve buscar o lucro com sua obra. A forma como é ensinado as técnicas de criação de uma obra é feita de maneira artificial, sem alma, onde a obra é um produto comercial e não um produto artístico. Em uma faculdade de artes você é moldado para o mercado e não para se tornar um artista.
Mas então quer dizer que o aprendizado da técnica artística deve ser deixado de lado e a pessoa deveria apelar para um aprendizado autodidata? Em hipótese alguma. Mesmo os grandes artistas em algum momento tiveram que aprender suas habilidades com a ajuda de outrem. Um curso somente daquilo que se quer aprender é um dos caminhos, por exemplo, caso seu foco artístico seja fotografia, buscar um curso de apenas fotografia, sem as distrações de outras formas de arte, pode ser muito mais proveitoso do que uma faculdade inteira dedicada a artes.
Talvez o problema seja a nomenclatura do curso também. Se de "Artes Visuais" fosse alterado para "Técnicas Artísticas" talvez não causasse a confusão usual. Eu entro em uma faculdade de Artes, esperando aprender a fazer arte e todo o seu valor filosófico e ético e etc, mas acabo por apenas aprender a produzir um produto artístico com valor comercial através das técnicas ensinadas. A extinção do nome "Arte" antes do nome do curso pode fazer com que novos estudantes, aspirantes a artistas não se frustrem com o curso assim como eu.
Essa questão de o que é e o que não é arte é algo complexo de se tratar, a problemática de um docente que só tem conhecimento ou experiência num campo comercial com arte agrava a questão da arte como produto e não como meio de comunicação. Além da óbvia prepotência desse tal docente de querer ditar o que é e o que não é arte tendo uma visão limitada sob a lente do mercado.
No final das contas o que vale realmente é a noção pessoal de arte de cada um e o que ela significa para si. Nenhum professor de faculdade, por mais qualificado que possa ser jamais poderá fazer com que você desgoste deste ou daquele quadro, livro, filme, ou imagem apenas por sua visão pessoal ser diferente da sua própria. Se tal obra transmite uma mensagem para você, e talvez não se comunica com outra pessoa, quem sabe você compreendeu de certa maneira a visão do artista e o outro não.

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