quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Um relato trágico.

Você se encontra no mais extremo limite. Sua existência não faz mais nenhum sentido. Você apela para a automutilação para tentar sentir alguma coisa, qualquer coisa. "O que não me mata me fortalece". Como eu queria seguir essa lei. A autoextinção se torna cada vez mais atraente.
Frente à esse sofrimento, seus entes queridos em uma tentativa fútil de ajuda o que tentam? Fé, deus, religião. Uma conversão forçada. Não entendem? Não há espaço para religião na minha alma. Não serei vítima dessa inquisição psicológica.
A ideia de deus pode trazer conforto para outras almas, porém por mais atormentada que a minha esteja, não há espaço para insensatez, ignorância e ilusão. Minha dor não provém de origem metafísica ou sobrenatural. Eu não herdei esse sofrimento de erros de uma vida anterior ou como efeito de carma.
Eu não acredito em inferno, o inferno são os outros. A solidão corrompe qualquer espírito. A cura pela fé é narcótico. É ingenuidade acreditar numa cura divina. A fé é um efeito alucinógeno que ameniza o sofrimento momentaneamente por seu discurso acolhedor, o cristianismo em especial, por buscar a salvação através do sofrimento. A fé no cristianismo é uma droga viciante cujos adictos não conseguem limpar seus organismos (diga-se mente) dos efeitos nocivos de tal.
Estou doente da alma, isso é visível, porém não usarei de outra doença para tentar curar a atual. À aqueles que me oferecem o narcótico do cristianismo ou outra fé que seja, como remédio contra a depressão, lhes dou meu mais sincero não. Nem mesmo diante do abismo abandonarei minha sanidade intelectual.


💛

Acho que o pessoal não entendeu bem o objetivo por trás do setembro amarelo. Tá tendo uma correntinha no Facebook que diz o seguinte "Comente um "💛" que eu falo algo bonito sobre você". Que lindo gente, você vai falar algo bonitinho sobre a minha pessoa e assim do nada minha depressão crônica vai desaparecer?
Não é porque você diz que eu sou bonito, legal, engraçado ou o que quer que seja que vai mudar qualquer coisa, não é isso que o depressivo quer ouvir, isso é efeito placebo.
Vamos desenhar para que os adeptos do "movimento coração amarelo" entendam. Sabe quando o dia está nublado, prestes a chover e com nuvens ofuscando a luz do sol? É tipo isso, só que no seu interior. É como se tivesse uma sombra te encobrindo, um peso te pressionando pra baixo sempre.
Sabe aquele dia em que tudo na sua vida está indo maravilhosamente bem e você pensa "hoje vai ser perfeito, hoje nada de ruim vai acontecer", daí do nada o céu fica nublado e seu mundo caí sem motivo algum. Quando você não consegue dormir por ficar pensando demais em cada milésimo do seu dia tentando encontrar onde deu tudo errado. Ficar repassando um mesmo erro em um loop infinito até que ele se torne seu novo vício.
Não ser capaz de se concentrar ou ter foco em nada, tudo o que você vai fazer, por mais prazeroso que era antes, deixa de te trazer qualquer tipo de atenção. Tem horas que o contato com outras pessoas fica difícil, fica difícil falar em público, você para que querer sair e busca ficar o máximo de tempo no seu casulo.
Qualquer tipo de palavra dita num tom levemente alterada à você já te deixa mal. O pior é quando a amiga querida da depressão, a ansiedade resolve participar da festa, aí você não só remoê os erros que você cometeu durante o dia, mas também já fica prevendo de maneira paranoica as merdas que pode fazer.
Daí chega uma hora que o dia nublado vira pra chuva, e o que acontece? Você quer fugir! Faz o que? Toma uma porrada de comprimidos para tentar escapar desse sofrimento. Mas você não quer morrer de verdade, o que você quer é que os outros prestem atenção em você. Daí quando você tá lá na UTI, fazendo uma lavagem do seu organismo, todo mundo percebe que você existe e percebem que você está longe de estar bem.
Você faz tratamento, toma remédios e tudo mais, tudo melhora, mas como na vida nenhuma alegria dura pra sempre, aquela sombra volta a te perseguir. O dia volta a ficar nublado, os remédios deixam de fazer efeito, os pensamentos de auto-extermínio voltam a rondar sua mente, e à essa altura, todos já se esqueceram de você.
Mas daí me vem essa putaria dessa corrente de coração amarelo que tem com único objetivo amaciar o ego de pessoas que estão pouco se lixando para pessoas que realmente sofrem de depressão e que nunca sentiram sequer uma fração dessa escuridão da alma.
"Poxa você é tão divertido, você é tão inteligente, tão engraçado". Sabe o que me faz sentir ouvindo uma coisa dessas? Ainda mais depressão, pois ao ver isso eu percebo o desinteresse total desses supostos solidários com a causa. O setembro amarelo é um mês para prevenção ao suicídio e discutir a depressão, não pra banalizar essa causa nobre nessa putaria ridícula de coração amarelo.


Sobre Stranger Things:

Admito que estava com um pé atrás com essa série, com todo esse alvoroço em cima dela acabou me causando certa aversão. Porém resolvi dar uma chance à série e queimei a língua por julgar sem conhecer. Assisti a temporada inteira de oito episódios de uma vez só. 

Stranger Things consegue se manter mesmo se a pessoa não captar boa parte das referências nostálgicas aos filmes dos anos 80. Eu, por exemplo, nunca assisti Goonies, Conta Comigo ou Et, os grandes pilares de influência da série, porém me deliciei ao ver as citações e referências a alguns de meus filmes favoritos da década, como O Enigma de Outro Mundo, Star Wars e até uma leve referência a Alien O Oitavo Passageiro.

A série é muito boa, é verdade, principalmente os atores, as crianças em especial. Contudo acredito que houve um certo exagero por parte dos evangelizadores da série, ela é extremamente superestimada. Seria até covardia comparar Stranger Things com verdadeiros gigantes em nível de qualidade televisiva como Breaking Bad, True Detective ou a contemporânea Mr. Robot.

Existem problemas sérios na questão de efeitos visuais, o que seria facilmente resolvido se o monstro não ficasse exposto na tela o tempo todo, trazendo algo mais como um terror psicológico, o que eu realmente acreditei que a série iria abordar nos primeiros episódios, porém quando logo no começo jogam a criatura na sua cara com um cgi mal feito, fiquei extremamente decepcionado. Nem tanto por conta dos efeitos mas sim pois esperava algo mais Lovecraftiano, ou então que fizessem um monstro com efeitos práticos, já que estavam tanto na vibe de nostalgia dos anos 80.

O roteiro é outra coisa um pouco problemática. A história tem vários conceitos interessantes, porém nenhum é aprofundado, espero que nas próximas temporadas isso aconteça. A trilha sonora, apesar de tudo é um dos pontos fortes da série com um estilo eletro retro, além de musicas dos anos 80 como The Clash, David Bowie e outros.

Cativante, longe de ser perfeita, o principal atrativo de Strange Things são os atores. Desde veteranos dos anos 80 como a garota interrompida e diva da época, Winona Ryder, até as fantásticas crianças, em especial a Eleven que com só expressões faciais e pouquíssimas falas já rouba a cena. Stranger Things é uma série que ainda tem muito para mostrar, e muito o que melhorar, vale uma maratona na Netflix, mas longe de ser esse alvoroço todo que andam falando por aí.



Agora um desabafo...

Depois de assistir Man of Steel, BvS e Esquadrão Suicida algumas vezes, você percebe que o Zack Snyder não faz ideia do que está fazendo. Você se esforça pra gostar dos filmes mas no final os contras são maiores do que os prós. Superman sombrio e amargurado? Batman psicopata assassino? Que porra é essa?! Por incrível que pareça, se considerarmos o Snyderverso, dos três filmes até agora, o menos ruim foi Batman vs Superman, a versão estendida, na verdade, pois a versão de cinema também não ajuda.

Homem de Aço é aquele filme que toleramos por conta da excelente ação, mas o roteiro não colabora. e Esquadrão Suicida eu não quero nem falar por ser uma colcha de retalhos tanto na edição quanto no roteiro. É meio duro pra mim admitir isso mas o Universo Marvel nos cinemas realmente é muito superior ao DC até agora. Claro, eu tenho minhas críticas aos filmes da Marvel, não deixa de haver filmes ruins como os Thor e Homem de Ferro da vida, mas ainda assim o conjunto da obra é muito mais bem estruturado.

A Warner está perdida querendo agradar a tudo e todos, não acham um foco. O próprio Esquadrão é um monstro de Frankenstein maluco querendo simular o sucesso de Guardiões da Galaxia e Deadpool. Melhor se continuassem nos moldes de BvS que esse pelo menos tinha uma alma própria, tinha a identidade do Snyder, por pior que seja ela. Esquadrão Suicida é um filme sem identidade que quer ser tudo ao mesmo tempo.

Eu cresci assistindo desenhos e lendo quadrinhos da DC, nem tanto os quadrinhos foram minha maior influência mas sim as animações. Lembro bem que a série animada do Superman foi um dos meus primeiros contatos com o universo de super heróis. Queria ver aquilo nos cinemas, aquele Superman, não esse cara que está pouco se fodendo pra humanidade.

Os fracassos de crítica e público só mostram que está tudo errado. Colocar o cara que dirigiu o cagalhão que foi o filme do Watchmen pra ser a "mente criativa" por tás de todo o universo cinematográfico DC é um tiro no pé. Espero que agora, dando esse poder nas mãos de quem entende a situação melhore. Ou Geoff Johns, que tá com uma pica gigantesca nas mãos pra resolver, trata de salvar a DC, ou reboota essa merda logo e para de me fazer perder tempo e dinheiro. A esperança agora é Mulher Maravilha e Liga da Justiça, e eu não estou muito esperançoso pra esse filme da liga não.


Esquadrão Suicida: Prós e Contras

Antes que me joguem pedras afirmando que eu sou um fanboy cego da DC e que gosto de qualquer merda que a DC/Warner fazem, peço por gentileza que termine de ler texto.

Talvez o principal inimigo de Esquadrão Suicida, assim como foi de Batman vs Superman e provavelmente de todo o universo cinematográfico DC até que alguém faça alguma coisa é a edição. Há um problema gigantesco de comunicação entre os produtores e os diretores nesse DCCU. Enquanto os putos da contabilidade e produção ficarem metendo a mão no trabalho dos diretores e fazendo cortes e edições onde não deviam, os filmes da DC infelizmente vão ser um fracasso de crítica e assim por conseguinte de bilheteria. E esse é o menor dos problemas, até mesmo fãs da DC, eu como exemplo, saem decepcionados desses filmes picotados e recortados de maneira grotesca. Não é de se espantar que a versão estendida de BVS seja infinitamente melhor e mais bem amarrada do que a versão de cinema. Assim aconteceu com Esquadrão Suicida aqui, o filme foi mexido e remexido, é visível que a versão "original" do filme não é essa. Muita coisa dos trailers não estão ali, muito do Coringa não está ali além da primeira meia hora do filme com todos os efeitos coloridinhos e alegrinhos parecerem ter saído de uma abertura da Malhação.

Batman vs Superman sofreu com a edição, mas foi muito menos do que SS. Quando saiu a notícia de que o filme estava passando por refilmagens para dar um tom mais "divertido" após as críticas a Batman vs Superman, eu já soube que ia dar merda. No entanto, passando esses primeiros 30~45min iniciais, o filme funciona bem. Nesse inicio de filme eu já estava pensando que todas aquelas criticas estavam certas e que o filme estava condenado. É um inicio de filme tão ruim, com uma edição de efeitos de flashbacks tão nojenta, além de uma apresentação de personagens com aqueles letreiros coloridinhos e estilizados tão preguiçosa que eu já estava achando que o filme não tinha salvação.

Contudo o filme andou, e por incrível que pareça, passado essa apresentação de personagens preguiçosa e mal feita e colocados os personagens em ação, o filme começou a ficar divertido. Ele não tem muito o tom dos outros dois filmes do universo cinematográfico DC até o momento, o tempo todo ele me lembrou uma animação da DC, principalmente Batman: Ataque ao Arkham, que é com o esquadrão suicida. Os pontos altos do filme, (por incrível que pareça) o Pistoleiro, Arlequina, Amanda Waller e o Sr. Coringa! (calma, já vou chegar nele). Por incrível que pareça, Will Smitho é o menor dos problemas do filme, muito pelo contrário, ele estava ótimo como Pistoleiro. Amanda Waller foi outra personagem excelente incorporada por Viola Davis, quero muito ver Waller no filme da Liga tretando com o Batman. Mas não há como negar que esse foi o filme da Arlequina. Margot Robbie estava incrível na personagem.

Agora vamos ao que interessa: Joker, o palhaço do crime. O que foi Jared Leto como Coringa nesse filme? Há muita controvérsia, muitas opiniões diversas a respeito desse novo Coringa. No entanto, eu gostei muito desse novo Coringa e novamente reclamo da edição do filme pois muito do material e cenas do Coringa foram cortadas do filme. Pra mim o Coringa absoluto e insuperável sempre será (não, não é o Heath Ledger) Mark Hamill como o dublador da franquia de jogos Batman Arkham. Quanto a atores, antes de Leto tivemos César Romero que era o Coringa galhofa, depois tivemos o que pra mim é o melhor Coringa live action até agora, Jack Nicholson que foi uma espécie de Coringa gangster/mafioso, depois o pop e endeusado por todos, Heath Ledger como um Coringa caótico e anarquista. O que as pessoas que estão criticando o Coringa do Leto não entendem é que o Coringa, assim como o Batman possui diferentes versões e interpretações tanto no cinema quanto nos quadrinhos. O Coringa de 'A Piada Mortal" não é o mesmo Coringa da HQ 'Coringa' de Brian Azzarello. E eu gostei muito dessa versão gangster/drug lord/Tony Montana do Coringa, tanto visualmente quanto em atuação. Quando foi revelado o visual do Coringa há um bom tempo atrás com as tatuagens e tudo mais, eu detestei, porém agora, vendo o filme meu problema com isso diminuiu e achei interessante essa versão moderna de Coringa chefão da máfia, rei do tráfico. Sem contar com o romance entre Coringa e Harley que criou algo novo, uma reciprocidade no amor que a Arlequina sente por Joker. Antes (quadrinhos, animações, jogos, etc ) Harley era apenas um brinquedo do Coringa, agora ele sente algo por ela também, o que torna essa relação mais interessante. Eu quero muito ver esse Coringa do Jared Leto no filme solo do Batman mostrando, quem sabe, a morte de Jason Todd na base do pé de cabra.

Além disso tudo, a ação do filme foi interessante, dando destaque para o final. Os alívios cômicos, principalmente Crocodilo e Capitão Bumerangue estavam muito bons, queria mais deles. Outra personagem que foi muito pouco aproveitada foi a Katana, muito poucas cenas, diálogos e desenvolvimento. Ponto negativo: O(s) vilões do filme foram muito fracos. No final das contas (SPOILER) O grupo que a Waller reuniu pra resolver altas tretas teve que resolver uma treta que ela mesma causou, resumindo o filme bem por cima (FIM DO SPOILER). Tirando esses problemas de edição e um roteiro que não faz sentido, além de subaproveitamento de personagens, o filme é divertido. A DC tentou fazer um Guardiões da Galaxia com muitas musicas legais e tal, mas nem a trilha sonora do filme encaixa bem como no filme da Marvel. O que resta para o universo DC nos cinemas é a promessa. Mulher Maravilha tem a difícil missão de salvar de uma vez por todas a DC nos cinemas antes que as críticas as bilheterias ruins causem um dano irremediável à esse universo que tanto amamos que é a DC Comics.


O Mais Variado Super Grupo dos Quadrinhos: A Tropa dos Lanternas Verdes!

A Tropa dos Lanternas Verdes é indubitavelmente o super grupo mais variado e exótico das histórias em quadrinhos. Além de conter membros de milhares de espécies alienígenas, contando atualmente com dois membros da tropa para cada um dos 3600 setores do universo (com exceção do setor 2814, setor da Terra).

Conheci a Tropa e toda a mitologia por trás do selo Lanterna Verde da DC Comics há alguns anos atrás, na época em que se iniciava a super-saga A Noite Mais Densa. Busquei pelos primórdios da fase Geoff Johns, o homem que fez Lanterna Verde voltar a ser relevante e comecei pelo renascimento de Hal Jordan, parti para a Guerra Sinestro até culminar na Noite Mais Densa.

Me apaixonei por esse universo multicolorido criado por Geoff Johns para o Lanterna Verde e todas as tropas de várias cores e luzes. Chegou um momento que virou uma salada e eu resolvi dar um tempo. Porém agora resolvi dar uma nova chance aos lanternas tendo em vista o Rebirth da DC. E o que mais me surpreendeu foi que quando eu deixei a sala, haviam quatro lanternas humanos, agora temos seis, o que me deixa ainda mais ansioso e curioso para ler.

Por enquanto estou lendo apenas a série mensal do Lanterna Verde propriamente dito, protagonizada por Hal Jordan, entretanto ainda pretendo me atualizar nas séries derivadas que são tantas que eu já perdi as contas.

Agora voltando ao quanto a tropa ser variada, vamos citar os seis membros humanos da tropa. Temos uma variação de raça, credo, gênero, origem, etc. O piloto Hal Jordan, jogador de futebol americano Guy Gardner, o engenheiro John Stewart, o desenhista Kyle Rayner e os dois novos lanternas, Simon Baz e Jessica Cruz (não conheço muito sobre os dois últimos ainda).

A tropa é tão variada que havia até mesmo um planeta Lanterna Verde (R.I.P. Mogo). Sem contar com as outras tropas, cada tropa de cor diferente representa uma emoção. A verde é a força de vontade, a amarela o medo, vermelha a ira, azul a esperança, laranja a avareza, índigo a compaixão, violeta o amor, além da negra que é a morte.

Lanterna Verde, Hal Jordan em particular, se tornou um dos meus heróis de quadrinhos favoritos de todos os tempos, entrando no meu top três ao lado de Superman e Batman. Recomendo muito a leitura do universo Lanterna Verde, em especial toda a fase Geoff Johns. Os arcos Crepúsculo Esmeralda e Novo Amanhecer também valem muito a pena, principalmente para entender o renascimento de Hal Jordan e a partir daí todo o novo universo das cores do Lanterna Verde.


quinta-feira, 26 de maio de 2016

O mal e a vida.

A maldade não está limitada a um único gênero, raça ou espécie. Eu sempre considerei a característica da maldade e da crueldade uma qualidade humana, porém percebo que ela não é limitada apenas a nós. Como podemos saber se seres inteligentes de outros mundos ou seres inteligentes artificiais não possam desenvolver o que consideramos, segundo nossa moral social como maldade. O mal é uma característica inerente à vida.
Bem e mal são um balanço natural da vida universal. Podemos considerar um leão mau e cruel por matar e devorar uma gazela, mas isso não é maldade sob sua ótica de predador. Contudo, humanos como seres inteligentes se distinguem de animais selvagens por simplesmente agirem com atos de pura maldade por simples prazer e sadismo.
Seria a real maldade uma característica da inteligencia e do discernimento? Uma forma de vida inteligente ao ser capaz de distinguir um ato bom de um mal, um moralmente certo de um errado, seria ela somente assim capaz de realmente cometer um ato mau?
Eu não acredito em uma diferença em níveis de perversão em relação a gêneros, raças, classes, idades, o que quer que seja. Agora, com uma nova perspectiva, não acredito que exista uma distinção de perversão até mesmo entre espécies. Afinal, somos todos feitos a partir da mesma matéria prima, somos todos átomos.
Soluções, soluções... Não existem soluções para a resolução do mal, a maldade faz parte da vida assim como a bondade. O universo surgiu de uma explosão, é natural que a vida seja cruel e violenta. Somos seres esquecíveis em um oceano de vazio.
O tempo nos consumirá assim como consumirá toda a vida do universo. Boas e más ações serão esquecidas, assim como o próprio universo que encontrará seu fim quando toda luz se extinguir na fria entropia da vida e do cosmos.


Batman, vigilantismo, fascismo e como super heróis não funcionam no mundo real.

Desde que me conheço por gente eu sou fã incondicional do Batman, porém recentemente passei a perceber características que vem me incomodando muito no Cavaleiro das Trevas, principalmente na história homônima escrita por Frank Miller.

Reli Batman O Cavaleiro das Trevas para poder analisar suas características sociais mais profundamente, pois acredito que as criticas sociais da história são o foco narrativo principal, ao contrário de seu aspecto "massa véio" de por um combate de titãs entre Batman e Superman.

Ao reler a história, percebi que o maior problema em Gotham não são os criminosos, mas sim o justiceiro vestido de morcego que trava uma cruzada solitária em busca de "justiça". Não estou defendendo a criminalidade de maneira alguma, contudo a presença de um vigilante que faz justiça com as próprias mãos é nociva.

Farei um paralelo com a realidade brasileira em que vivemos. Num país em que personas infames da mídia como a âncora Rachel Sheherazade incita discursos de ódio e defende a autotutela e a justiça com as próprias mãos, quão perigoso seria a presença de um Batman?

Na história escrita por Frank Miller, existe grande destaque para as opiniões midiáticas em relação ao Cruzado Encapuzado e sua ações, opiniões divergentes. Uns o apoiam afirmando que suas ações são justificáveis, que isso é um reflexo da vontade do povo americano de reagir contra o crime e a injustiça, porém acredito eu, existem opiniões mais sensatas, as contrárias às suas ações que afirmam que psicopatas como o Coringa e o Duas Caras são reações à existência do Batman e que sua presença apenas infla a ação da criminalidade.

Quando jovem eu sempre achei o Batman um personagem impecável, correto em suas ações, porém hoje percebo o quão errada é sua presença. Vamos olhar por outro lado, o lado de que o combate ao crime do Batman se limita às classes marginalizadas da sociedade e nunca ou quase nunca o vemos realizar ataques ao coração das organizações criminosas, em outras palavras, políticos e milionários como o próprio Bruce Wayne.

Em relação à presença do Superman, o "escoteirinho do estado" na história. O presidente pede para que o Homem de Aço coloque as rédeas no Batman pois ele está agindo fora das normas. Isso me leva à outra questão, a da HQ/filma Guerra Civil onde a questão de heróis regulamentados pelo estado é discutida. Obviamente a história é extremamente romantizada para que fiquemos do lado do Capitão América e os poucos que ficam do lado Homem de Ferro o fazem por seu carisma apenas, contudo num aspecto politico e social, um grupo privado de super seres auto suficientes capazes de reduzir cidades inteiras a nada agindo como vigilantes sem nenhum tipo de regulamentação de um estado, ou no caso do filma das Nações Unidas, é completamente irresponsável. 

Olhando por esse lado, uma registro de heróis é a saída mais "correta" para que não hajam desastres ou para que a soberania de uma país não seja infligida como ocorre no filme, causando algo que em uma ocasião comum seria um ato de guerra. 

Vamos pensar na Tropa dos Lanternas Verdes. Qual a legislação usada pelo livro de Oa que permite que o oficial da Tropa tenha autonomia sobre seu setor inteiro, influenciando e intervindo na soberania de nações e planetas independentes? Seria necessário que todas as nações e planetas do setor em que o oficial da tropa tivessem conhecimento e concordassem com a autoridade da Tropa dos Lanternas Verdes ali em seu território. 

Eu nunca gostei de ver o Superman como um agente do governo estadunidense, acho muito interessante a ideia de ele recusar sua cidadania americana e se tornar um cidadão da Terra. Entretanto a presença de um super ser como ele seria uma muleta para que alcançássemos uma evolução natural sem a ajuda de um alienígena. 

Voltando à questão do Batman, existem histórias como em Batman Inc. em que o próprio financia diversos Batmen ao redor do mundo e cria robôs de vigilância para monitorar e patrulhar Gotham contra o crime. Isso é de um nível de fascismo tão grande que me deixa assustado. É contra tudo o que George Orwell diz em 1984. 

Vale também lembrar do final de Cavaleiro das Trevas onde após Batman derrotar a gangue mutante, supostamente morto ele reúne os ex membros da gangue para que trabalhem para si e combatam o crime consigo. Ou seja, Batman criou uma milicia.

É muito lindo o mundo dos quadrinho e dos super heróis, mas nos quadrinhos. É impossível que funcione na realidade. Vigilantismo como o de Batman, Daredevil ou Punisher é basicamente a reação de pessoas revoltadas com o crime e que no final acabam cometendo injustiças e que na vida real são os neo nazis que espancam negros e homossexuais nas ruas. 

Não é de se espantar que minha história em quadrinhos favorita seja Watchmen em que é minimamente possível conceber o universo ali criado por Alan Moore de proximidade com a realidade. 

Ainda gosto muito do personagem Batman, porém é muito difícil me identificar com ele ainda percebendo tantas características errôneas e politicamente incorretas presentes em sua persona. Talvez eu tenha ficado chato ou talvez eu tenha crescido, porém não consigo mais passar batido por essas questões.


terça-feira, 24 de maio de 2016

Por que o Superman é o maior herói da Terra?

Eu quero falar sobre um herói, eu quero falar sobre O herói, sobre o Super Homem ou Superman. Desde Hércules talvez não há um expoente maior que represente tão bem a palavra 'herói" como o Super Homem.

Eu li uma frase uma vez que dizia o seguinte: "querendo ou não, Superman sempre será o primeiro, verdadeiro e único grande herói da humanidade". Por que isso é uma afirmação verdadeira? Ao contrário de diversos outros "heróis" de quadrinhos que ganharam seus poderes através de um anel alienígena, um mago ancestral, um soro de super soldado, uma aranha geneticamente modificada etc ou tiveram impostos a si uma situação traumática para que então decidissem combater o mal e a injustiça como a morte dos pais, ou a morte do tio, uma guerra mundial, estilhaços de uma bomba no coração, a obrigação com uma força policial intergaláctica etc, o Super Homem, ele não, ele nasceu com seus poderes e não teve nenhum evento traumático que fizesse com que ele a partir de então, por um ato egoísta de satisfação pessoal onde ele salva pessoas por um senso de obrigação por ter perdido um ente querido ou algum evento traumático. Ele não, Clark Kent escolheu ser bom.

Tudo bem, Kal El teve seu planeta natal destruído, porém só descobriu sobre tal fato quando já era um adolescente. Antes disso, Clark já fazia o bem sem olhar a quem. Outros personagens como Batman, Homem Aranha, Capitão América, Lanterna Verde, entre outros, por que fazem o que fazem? Por que ajudam os outros? Não seria um ato para amaciar o próprio ego e culpa, o sentimento de dor por suas perdas ou por uma responsabilidade imposta?

Por outro lado, o Super Homem nasceu com seus poderes, as mais incríveis dádivas imagináveis. Ele tinha duas opções com tamanhos poderes: se tornar um deus e colocar o planeta de joelhos diante de si, ou usar seus poderes para ajudar as pessoas. Ele escolheu a segunda opção.

Eu me questiono o por quê das pessoas acharem o Superman um personagem chato. Talvez seja pela sociedade pós moderna dos dias atuais de considerar "cool" ser o cara mau, uma característica inexistente no Super Homem. A principal característica do Super Homem é sua bondade, ser acima de tudo um ícone de esperança. Ser, porque não, o escoteiro. Por esse motivo as pessoas gostam mais de personagens como o Batman que é o menino problemático, sombrio e malvado, o anti-herói.

Sempre detestei quando criavam versões más do Superman em universos paralelos ou em adaptações porcas como em Man of Steel onde o heroísmo que eu tanto exaltei do personagem é inexistente. O filme de Zack Snyder é um filme divertido, tanto Man of Steel quanto Batman vs Superman, porém o Superman criado para esse universo cinematográfico da DC não funciona, ele não é o herói que eu li nos quadrinhos e que se tornou um ícone de como ser uma boa pessoa, um personagem que formou meu caráter. Aqueles momentos em que o personagem é representado com olhos vermelhos de fúria, são raros os momentos que funcionam. Quando uma história retrata o Super Homem como um personagem  mau ou indiferente, esses momentos não tem peso, porém quando ele é bom e há um momento de fúria e olhos vermelhos, aí até mesmo eu sinto medo do último filho de Krypton, pois quando uma pessoa naturalmente má fica com raiva é normal, porém quando alguém bom e tranquilo tem um momento de fúria, daí temos uma tempestade.

 Injustice é outro exemplo de péssima história com um Superman mau. Me refiro ao jogo, não ao quadrinho. Mas por que um Superman mau não funciona? O Superman é nitidamente o personagem mais poderoso (ou um dos mais) do universo DC, e da Terra. Seria extremamente fácil para ele dominar por completo o planeta e iniciar um reinado onde fosse um deus soberano, não existe força capaz de se opor a ele, o que torna uma história de um Super evil desinteressante. Entretanto, como um indivíduo bom, o Superman constantemente tem que se conter para simplesmente não destruir o mundo à sua volta quando combate seus inimigos, mais ainda, se conter para não acidentalmente não matar seus inimigos, Luthor por exemplo, um simples humano o qual não teria a mínima chance se por acaso Superman decidisse matá-lo. Contudo, o herói tem um código de ética, ele foi criado por um casal de fazendeiros do Kansas que lhes ensinaram a ser uma boa pessoa.

Kal El é um alienígena, porém ele decidiu viver como um de nós, ser um de nós, ter uma vida e um trabalho como nós. Por que Clark Kent ao descobriu que era de uma raça superior e extinta não recriou Krypton aqui na Terra? Muito ele deve à Jonathan e Martha Kent que fizeram Clark quem ele é hoje. Por que ele não foi em busca de uma deusa para com quem viver? Ele se apaixonou por uma mortal, Lois Lane. Seu maior inimigo, outro mortal, Lex Luthor, seu primeiro amor, mais uma mortal, Lana Lang, seu maior amigo, mortal, Jimmy Olsen. Clark Kent é mortal, Clark Kent surgiu muito antes de Kal El ou Superman. Ele cresceu e foi criado como Clark Kent. Seu mundo não é Krypton, seu mundo é a Terra. ele é um de nós, nem melhor, nem pior, contudo um guardião, um herói no verdadeiro sentido da palavra.

Superman, Clark Kent, Kal El, O Útimo Filho de Krypton, O Homem de Aço, O Maior Herói da Terra, O Homem do Amanhã. Não importa como o chamem, há quem goste dele, outros que detestam, o fato é que ele foi o primeiro grande herói dos quadrinhos e até hoje é o mais importante personagem da ficção já criado. Como comparei no inicio, talvez desde Hercules não houve alguém que representasse o heroísmo tão bem como o Super Homem e isso é bem relacionado em Grandes Astros Superman onde o herói da DC realiza seus doze trabalhos assim como o herói grego. Pessoalmente devo admitir que Superman  é para mim um personagem o qual sigo como bússola moral. Podem dizer "mas o Superman é perfeito, jamais seremos como ele", porém é como Jor El disse no inicio de Man of Steel: "Você vai dar às pessoas um ideal para lutar. Vão correr atrás de você, vão tropeçar, vão cair. Mas com o tempo, eles vão acompanhá-lo ao sol. Com o tempo, você vai ajudá-los a realizar maravilhas".




sexta-feira, 22 de abril de 2016

H.P. Lovecraft e a insignificância humana frente a imensidão do universo

Existe um autor que muito admiro que apenas recentemente teve seu mérito reconhecido se tornando pop principalmente por uma de suas criações que citarei mais a frente. Howard Philips Lovecraft, vou me limitar e não ficarei recontando aqui a biografia desse autor tão sombrio e por que não, de um nicho especifico de leitores.

Lovecraft teve uma vida difícil desde sua infância até sua precoce morte. Eu descobri seu universo fantástico não faz muito tempo e logo me apaixonei, ironicamente por sua falta de paixão. Podemos dizer que Lovecraft foi o precursor e principal escritor do gênero hoje conhecido como horror cósmico.

Suas histórias, muitas delas baseadas em seus próprios pesadelos, nos entregam um ambiente de desconhecido, onde na maioria das vezes o protagonista de suas histórias se envolvem por acaso do destino em uma trama de horrores inimagináveis. O desconhecido, o inominável, o indescritível além de diversos outros adjetivos usados por Lovecraft definem bem a essência de suas histórias.

Sua popularidade recente se deve principalmente por sua mais conhecida criação, o grande Cthulhu. Um ser de malignidade imensurável que habita as profundezas dos oceanos onde aguarda sonhando o momento em que as estrelas estarão na posição correta para seu despertar e reinar mais uma vez sobre a Terra. Cthulhu é uma entidade muito interessante, porém nem de longe a mais notável, complexa e poderosa das criaturas criadas por Lovecraft.

O que é mais interessante em toda a mitologia lovecraftiana é a filosofia de que o ser humano é insignificante frente a esses seres que nem sequer sentem nossa presença como algo de importante. Um mero vislumbre de uma fração minuscula do que seria alguma dessas entidades levaria o mais são dos homens a completa loucura.

Dentro desse universo rico e cheio de mistérios, temos um elementos muito interessante que é o Necronomicon, um grimório oculto escrito pelo árabe louco Abdul Alhazred. Diversas pessoas nos contos de Lovecraft que se deparam com o livro e acabam tendo o infortúnio de passar os olhos por suas páginas malditas, ou pior ainda ler seu conteúdo proibido acabam sendo levadas a estados de obsessão até mesmo a insanidade. Tamanho o conhecimento oculto a respeito dos Grandes Antigos qual nenhuma mente humana foi criada para assimilar.

Neste panteão de deuses temos os Deuses Exteriores que são o mais complexo conceito de entidade dos mitos de Cthulhu. São seres que representam conceitos propriamente ditos como Yog-Sothoth que é descrito por Lovecraft da seguinte maneira "Yog-Sothoth sabe o portão. Yog-Sothoth é a porta. Yog-Sothoth é a chave e o guardião da porta." Há tambéem outras entidades com Shub Niggurath que seria como a força natural da fertilidade. Esses seres mais poderosos são incompreensíveis para a humanidade em seus desejos e sua consciência. A moral humana, nossos conceitos filosóficos ou mundanos da realidade simplesmente não se aplicam a tais seres. É simplesmente impossível para um humano compreender a lógica de tais criaturas cósmicas.

O único desses seres maiores que tem consciência da existência e moral humana seria Nyarlathotep, conhecido também como o caos rastejante. Uma entidade transmorfa que pode assumir a forma que desejar. O que se diz é que como ele compreende a moral humana, assim ele optou pela maldade. Nyarlathotep seria o avatar de Azathoth, o caos nuclear, a mais poderosa da entidades dos mitos de Cthulhu. O universo, pelo que se diz, foi criado por um espasmo de Azathoth. Azathoth, porém é um ser não pensante, uma criatura imbecil que apenas existe apesar de ser o centro do universo conhecido.

O poder das entidades é tamanho que acabam por influenciar pessoas em seus sonhos levando-as a buscas por respostas vãs que cujo fim será a trágica loucura ou a morte. Grande parte dessas entidades são cultuadas como deuses por ordens pagãs e cultos profanos, como o próprio Cthulhu.

H.P. Lovecraft foi um grande mestre na escrita do gênero do horror e desbravador de um gênero que viria a influenciar gerações de grandes escritores como Neil Gaiman e Stephen King. Teve suas próprias influências como Edgar Allan Poe e Robert Chambers do qual adotou o personagem Hastur que acabou por se tornar um de seus principais deuses cósmicos. Mas é inegável que Lovecraft é até hoje um dos, se não o maior escritor de terror de todos os tempos. Seus contos com um suspense subjetivo cuja criatura é descrita de maneira economicamente e de forma simplória influenciando-nos a usar a imaginação é deverás genial. A filosofia niilista de insignificância humana frente a seres incompreensíveis e onipotentes é outra característica fundamental em suas obras de caráter cínico, pessimista e que nos atormentarão nossos pesadelos influenciado gerações de autores ainda por vir.


Deus (não?) está morto

Tem um filme pra estrear aí que estou muito ansioso para assistir chamado "Deus Não Está Morto 2". Por que logo eu quero tanto ver esse filme? Bem, para explicar tenho antes que falar sobre o primeiro filme.

Há algum tempo, eu via meus amigos evangélicos falando desse filme Deus Não Está Morto e compartilhando coisas dele no Facebook. Acabei que me deparei com ele no Netflix. Li a sinopse e achei a premissa do filme interessante. Um estudante cristão que tem um embate filosófico com seu professor ateu para provar a existência de deus.

O negócio é que o interessante fica só na sinopse mesmo. Como eu posso descrever essa obra? Um filme feito por cristãos fanáticos para cristãos fanáticos, cegos pela fé, talvez?

Vamos começar pelo inicio. Temos um jovem (não me lembro o nome de ninguém do filme pois faz bastante tempo que o assisti) que ingressa em uma turma de filosofia onde o professor é um ateu, e esse nosso jovem protagonista, cristão. Até aí tudo bem, entretanto, logo que somos apresentado ao professor (que diversas pessoas já tocam o pavor no jovem estudante por usar um crucifixo dizendo que vai ser braba a aula de filosofia com esse professor), o dito cujo faz um espetáculo digno de sua reputação de tirano ateu.

Nosso professor, que aqui encarna o papel de vilão, apresenta diversos pensadores e filósofos na lousa e pergunta à turma: o que todos eles tinham em comum? Logo responde: Todos eram ateus. Nosso tirano professor então cita a famosa frase de Nietzsche "Deus está morto" e diz para que todos os seus alunos escrevam em uma folha a mesma frase. Contudo, o jovem cristão supracitado é o único da sala que se recusa a faze-lo. O professor diz que se ele não escrever a frase, perderá pontos, o jovem permanece resoluto. O aluno então faz uma proposta ao de que nas próximas aulas se ele conseguir provar que deus existe, ele passa na matéria, e quem julgaria o desempenho dele seria a turma. O professor receoso, aceita.

Ok, tudo bem até ai, mas depois disso nós temos esse professor ameaçando o aluno dizendo que ele não vai humilha-lo em publico e coisa e tal. Além de diversas histórias paralelas que vão se ligar em algum ponto pela glória de deus, obviamente. Vamos então ao embate: Os argumentos usados pelo jovem são tirados da bíblia, risíveis, a maioria do antigo testamente, principalmente do gênesis onde ele tenta corroborar com a ideia do big bang. O professor consegue desmontar os argumentos do aluno com um único dos seus. Noutro dos dias de embate, o aluno vai novamente ao pódio e desafia o professor dizendo não que ele não acredita em deus, mas sim que ele tem raiva de deus, que ele acreditava em deus pois em um momento dos embates o professor cita um trecho da bíblia.

O professor é então desconstruído, os alunos todos se levantam dizendo "deus não está morto" e o aluno vence o duelo "filosófico". Perai, então só porque um ateu conhece um trecho da bíblia quer dizer que algum dia ele foi cristão? Quer dizer que todo ateu na verdade tem raiva de deus ao invés de não acreditar nele?

Vamos para outro núcleo do filme que é o da garota muçulmana. Existe uma menina muçulmana no filme que claramente tem vergonha de andar de burka em público e só a usa por vontade do pai. Em um certo momento, a menina está em casa, ouvindo um uma banda de pop gospel quando o pai a flagra e começa a brigar com a garota e bater nela. a menina então começa a chorar e dizer "não pai, eu amo Jesus, ele é meu salvador" ou coisa parecida e acaba por fugir de casa.

Tem um outro núcleo que é o do garoto chinês, cujo pai, por viver na china comunista, é ateu e não aceita o filho acreditar em deus. Assim, esse jovem garoto, assim como a menina muçulmana logo criam laços de amizade com o rapaz que está em embate com o professor, assim graças a essa iniciativa de ascender o cristianismo no coração das pessoas, esses dois indivíduos oprimidos pelos seus pais encontram sua verdadeira fé em Cristo Jesus, o verdadeiro e único salvador.

Sem contar que o professor ateu que na verdade tem raiva de deus é casado com uma cristã que vive humilhando-a entre amigos também ateus por ela acreditar em deus até o ponto dela abandona-lo por sua atitudes de um ateu opressor. Tem um outro núcleo de uma repórter que também tem raiva de deus que acaba se convencendo de que deus é bom ao conversar com a bandinha de pop gospel.

No grande clímax do filme, quanto está todo mundo indo para o show dessa banda gospel, o professor, já arrependido de tratar sua mulher como um ser inferior simplesmente por acreditar em uma entidade cósmica imaginária, corre em direção ao tal show para pedir perdão quando, de repente é atropelado. Aí aparecem dois padres pra ele que eu não faço ideia do porquê estarem no filme além de dizer o tempo todo "deus é bom o tempo todo e o tempo todo deus é bom". Esses padres, pastores ou sei lá o que, fazem a extrema unção do professor, mas antes de morrer, nosso terrível tirano professor se arrepende de seus pecados e aceita Jesus em seu coração indo diretamente para os portões do céu.

Daí temos dois padres dizendo que a noite foi boa por ter uma pessoa convertida ao cristianismo apesar dela ter acabado de MORRER na frente deles! Depois disso temos um lindo show de música gospel com a música "deus não está morto". Fico pensando, esse filme todo pra divulgar uma banda de pop gospel e sua musica nova? Ok, né.

O filme acaba, temos um ateu tirano que tem raiva de deus arrependido, um aluno cristão que converteu sua turma inteira com argumentos tão furados quanto uma peneira, além de "provar" que deus existe apenas por derrotar seu professor fazendo ele ficar com birra.

O que aprendemos no final do filme então: O cristianismo é a verdadeira, unica e infalível religião do mundo; ateus são todos maus caráter que não respeitam a fé alheia e que na verdade tem raiva de deus; muçulmanos e comunistas são maus que no fundo querem destruir a liberdade de seus filhos; deus existe baseado apenas nas histórias bíblicas e devemos desconsiderar séculos de ciência em prol de um livro cheio de contradições. Ahh, e musica gospel é legal.

Agora, por que eu quero ver a continuação desse filme preconceituoso em todos os sentidos, não apenas com ateus mas com todas as religiões do mundo que não o cristianismo? Porque eu quero ver quão fundo vai o buraco, quero ver o que eles vão aprontar dessa vez. Se nesse primeiro filme eu me seguirei para não vomitar, quero ver o que nosso nobres religiosos vão nos apresentar sendo que vai ser numa escala ainda maior.


segunda-feira, 18 de abril de 2016

O anticristão

Liberdade é o maior bem que o ser humano pode almejar a ter, porém ela é uma ilusão pois nós não somos realmente livres por mais autonomia que tenhamos. O sistema capitalista nos torna escravos do dinheiro, assim como a religião nos torna escravos da idolatria. 

Como disse o pensador anarquista Mikhail Bakunin: "O cristianismo é precisamente a religião por excelência, porque ele expõe e manifesta, em sua plenitude, a natureza, a própria essência de todo o sistema religioso, que é empobrecimento, a escravização e o aniquilamento da humanidade em proveito da divindade."

A fé cristã destaca-se das outras por ser uma religião voltada inteiramente ao divino e não ao humano. Assim sendo, o cristianismo tem como pilar a escravidão do espirito em prol de uma divindade superior deixando em segundo plano a própria existência do "eu".

O cristianismo é a fé do juiz, juri e executor, e se mostrou assim durante séculos de terror em que foi a lei máxima onde condenava à fogueira e torturava milhares de pessoas acusadas de heresia e bruxaria. Não me refiro somente à Igreja Católica, mas também ao protestantismo formado por Lutero que teve seus episódios negros ao exterminar católicos, e na própria América em eventos como das bruxas de Salém.

Obviamente os católicos, evangélicos e outras ramificações cristãs de hoje dirão que foram erros do passado e que devem ser esquecidas e que o mundo mudou. Eu digo não! a história jamais deve ser esquecida, os pecados de seus antepassados assombram a todos ainda. Esses crimes imperdoáveis devem sempre e diariamente ser lembrados a cada cristão pois foi em nome de sua fé, de seu deus que milhares de pessoas inocentes morreram.

E ainda dizem como se as coisas tivessem mudado, como se os cristãos de hoje fossem diferentes dos genocidas de ontem. Pois não são! O cristianismo ainda é o mesmo, ainda é doente. Os cristãos ainda são preconceituosos e intolerantes, só não tem uma instituição poderosa o suficiente para queimar pessoas em praça pública como antigamente.

Deus pode ser amor, mas o cristianismo é o oposto, o cristianismo é ódio. Ainda hoje vemos políticos intervindo no estado laico para envenenar nosso país com sua fé cega e podre. As pessoas que seguem piamente seus pastores e padres são ovelhas cujo pastor do rebanho é o lobo.

Marx já disse "A religião é o ópio do povo", uma droga necessária para amenizar o sofrimento mundano das pessoas dos problemas cotidianos nos dando a ilusão de uma recompensa futura e inexistente.

O cristão médio não passa de um cordeirinho cheio de lã de onde seu pastor o tosa até não sobrar nada, tanto materialmente quanto espiritualmente pois o eu não importa, o que importa realmente é deus. E se deus não existir? O cristão médio não ousa se fazer essa pergunta, para ele isso é tabu, para ele deus é uma verdade absoluta e unica verdade, unica salvação.

Jamais poderei alcançar a salvação, o sucesso através dos meus atos, apenas através da oração de adoração de um ser imaginário e invisível. E se deus estiver morto? E se deus nos abandonou? O cristão médio jamais aceitaria tamanha revelação pois deus morreu por seus pecados porém ressuscitou. Mas se deus morreu por meus pecados, por que ainda vejo pecados na terra, tantos horrores diariamente?

Deus me criou a sua imagem e semelhança ou eu o criei à minha imagem e semelhança em minha arrogância? Enquanto houver essa bussola imoral chamada cristianismo, esse tapume ofuscando os olhos das pessoas, haverão os alienados pelo câncer cristão. Enquanto bilhões se guiarem por um livro milenar cheio de falhas e incoerências, haverá a ignorância e continuará havendo ciclicamente morte e intolerância.


domingo, 3 de abril de 2016

Superman e Batman: Dois lados de uma mesma moeda

Preto e azul, deus vs homem, dia vs noite. Assim definiu Lex Luthor o embate entre o filho de Krypton e o morcego de Gotham em Batman vs Superman: A Origem da Justiça. Mas por que essa definição de Luthor é tão errada para esses dois ícones e somente uma mente doentia como a de Lex Luthor poderia conceber algo assim?

O dia e a noite são um ciclo, um não existe sem o outro, assim como esses dois grandes heróis. Superman e Batman sempre foram representados como grandes amigos nos quadrinhos e apesar de serem completos opostos, se completam. Um precisa do outro como uma bússola moral. Clark para guiar Bruce um pouco além de sua visão soturna e pessimista da sociedade, e Bruce para mostrar para Clark que o mundo não é todo flores.

O erro começa quando o Superman é considerado um deus, sendo que ele sempre foi apenas um cara "diferente" querendo fazer o que é certo. Mas para Luthor, o fato de Kal-El vir de outro mundo e ser todo poderoso o torna um deus vivo em terra, e a premissa do personagem no filme é desmenti-lo como tal.

Mas se o vermos como um deus, então deus vs homem também não existe pois o homem e deus sempre viveram em harmonia em suas crenças. Batman é a representação do homem falho e violento, Superman representa a idealização do que o homem deve se tornar em sua evolução. Um não pode entrar em conflito com o outro pois assim nunca haverá a ascensão do homem Batman para o Super-Homem.

Na cena em que Batman está com a lança de kryptonita prestes a matar o Superman e este diz que Batman deve salvar Martha, neste momento Batman e Superman se dão conta que ambos são um só. Os dois tem a mesma história, os dois passaram pelo mesmo trauma de perder seu mundo. O ambiente ao redor os tornou diferentes, porém iguais. Ambos lutam pelos inocentes e indefesos, pela justiça e igualdade por conta desse trauma sofrido.

Já que estou falando da característica divina do Superman, existe também a clara relação entre o personagem e Jesus Cristo, fato especialmente destacado nos filmes de Zack Snyder. Ambos os personagens vieram de um mundo distante enviados por seu pai como a salvação da humanidade. Os dois também foram criados por um casal de camponeses.

As narrações dos dois filmes do Superman mostram bem essa relação, tanto a do Superman de Richard Donner quanto a do Homem de aço de Zack Snyder:

"Você vai viajar para longe, meu pequeno Kal-El. Mas nós nunca iremos te deixar... mesmo após a nossa morte. A riqueza de nossas vidas será tua. Tudo o que eu tenho, tudo o que aprendi, tudo o que sinto... tudo isso, e mais, eu... eu deixo para ti, meu filho. Você me levará dentro de ti, todos os dias da tua vida. Tu farás da minha força a tua própria, e verás a minha vida através dos teus olhos, assim como a tua vida será vista através dos meus. O filho se torna o pai, e o pai se torna o filho. Isso é tudo o que eu... tudo o que eu posso te dar, Kal-El." (Jor-El, Superman 1978)

"Você vai dar às pessoas um ideal para lutarVão correr atrás de vocêvão tropeçarvão cairMas com o tempoeles vão acompanhá-lo ao sol. Com o tempovocê vai ajudá-los a realizar maravilhas." (Jor-El, Homem de Aço 2013)

O conceito da divindade do Superman e da relação com Cristo é constante nos filmes de Snyder. Em Man of Steel, Superman diz que está na Terra há 33 anos, idade de Cristo quando foi crucificado. Em Batman vs Superman, Batman cria uma lança de kryptonita para matar o Superman, lembrando a lança do destino que perfurou o coração de Jesus por Longinus para averiguar se Cristo já estava morto na cruz.

Voltando quanto a questão do Homem de Aço contra o Cavaleiro das Trevas, eles não podem se opor tanto quanto a noite não se opõe ao dia pois ambos representam facetas da mesma moeda.

Neste mesmo raciocínio, este é o porque do Coringa não matar o Batman. O Batman representa ordem onde que o Coringa representa o caos. Um necessita do outro para existir. Os inimigos do Batman todos sofrem de distúrbios mentais ou loucura, reflexo da própria loucura do Batman.

Como é mostrado em A Piada Mortal, basta apenas um dia ruim na vida de uma pessoa para ela enlouquecer, e foi o que aconteceu com Bruce Wayne para se tornar o Batman.

O motivo do porquê dos principais inimigos dos grandes heróis de quadrinhos sempre existirem e sempre voltaram não apenas porque as vendas cairiam se eles desaparecessem mas também por serem os extremos opostos de nossos heróis e assim como serem completamente diferentes entre si, eles se completam, cuja existência depende um do outro. Que seria de Batman sem Coringa? Que seria de Superman sem Lex Luthor? E a questão em discussão, não inimigos mas arquétipos opostos e complementares: Que seria de Batman sem Superman e vice versa?



sábado, 2 de abril de 2016

A inconsistência da presença simultânea de deus e do mal

O paradoxo de Epicuro é um dos dilemas (ou no caso, trilema) mais debatidos na filosofia ao longo da história. Seria possível a existência de deus e do mal ao mesmo tempo? Seria deus onipotente, onisciente ao mesmo tempo que onibenevolente?

O trilema proposto pelo filósofo grego Epicuro de Samos é estruturado da seguinte forma, considerando as três características do deus judaico cristão, onipotência, onipresença e onibelevolência:

A - Deus deseja mas não consegue acabar com o mal. Nesse caso deus não é onipotente.

B - Deus consegue mas não deseja acabar com o mal. Nesse caso, deus é perverso.

C - Deus deseja e consegue acabar com o mal. Nesse caso, deus é irreal pois o mal existe.

D - Deus não deseja e não consegue acabar com o mal. Nesse caso, por que chama-lo de deus?

Seguindo esse raciocínio cético da existência de um deus todo poderoso e todo bondoso, questionamos: de onde vem o mal? Se deus é o criador de todas as coisas, ele criou o mal também, então ele não é todo bondoso, mas se o mal surgiu sem o consentimento de deus, então deus não é o criador de todas as coisas, consecutivamente não sendo onipotente e onisciente.

A famosa expressão de que o homem é a imagem e semelhança de deus destaca essa incoerência bíblica. O homem é um ser imperfeito e pecador, como então seríamos imagem e semelhança de deus que é perfeito? Teríamos nos corrompido após o pecado original de Adão e Eva? Antes disso teríamos sido nós seres perfeitos à imagem de deus?

Existe o conceito do demiurgo muito conhecido no gnosticismo cristão. Nessa ideia, o deus primordial teria criado um ser que seria responsável pela criação da terra e da humanidade, esse deus filho criador do mundo é conhecido como demiurgo. Na gnose cristã, o demiurgo seria o deus do antigo testamento que não é um deus benevolente ou todo poderoso. Um deus controverso, e que no novo testamento ele teria sido destruído ou removido de alguma forma com a vinda do deus criador verdadeiro e primordial, Jesus Cristo. Algumas pessoas consideram que o demiurgo seria o próprio Lúcifer.

Em outras crenças e mitos, é mais fácil a compreensão da existência do mal e de um (ou vários) deus ao mesmo tempo, principalmente em religiões politeístas onde claramente não existe um deus único todo poderoso. Geralmente nessas religiões politeístas, os deuses possuem muito as características de seu povo, sendo cada divindade responsável por um setor da existência.

O problema maior reside realmente no deus YHWH em que se propõe um deus absoluto e infalível. Ao mesmo tempo em que vivemos em um mundo caótico, diverso e multifacetado. Teria deus nos dado o livre arbítrio para escolhermos entre o bem e o mal como uma forma de teste? Mas então por que crianças inocentes sem qualquer discernimento moral deveriam sofrer a pena de um teste sádico desses? Os espiritas kardecistas alegam que o sofrimento mundano dessa vida é o pagamento de um pecado cometido em uma vida passada. Eu considero essa explicação muito rasa.

O mal nasce na pessoa ou a pessoa desenvolve a maldade ao longo de sua vivência e suas relações com a sociedade? Para mim, o ser humano nasce cru moralmente e é moldado pelos preceitos éticos e morais da sociedade ao redor. O discernimento de bem e mal, certo e errado são ganhos com o tempo. Aquela famosa frase de que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe é meio errônea. Eu diria que o ser humano nasce neutro, a sociedade o molda.

Se deus é onisciente, onipotente e onibenevolente, deus é um reflexo do desejo do homem de ser perfeito, e não o homem um reflexo da imperfeição de deus. O homem criou o deus YHWH à imagem e semelhança do que ele deseja ser. Em outras religiões com deuses menos absolutistas, deus, ou deuses podem sim ser considerados reflexos do homem daquela época e de sua cultura. Em suma, a existência de um ser criador todo poderoso e todo bondoso é inviável filosoficamente falando.


quinta-feira, 24 de março de 2016

Batman vs Superman: A Origem da Justiça

Eu tenho esperado por esse momento há tanto tempo que agora que chegou me faltam palavras. Eu sou fanboy assumido da DC Comics, o que a maioria das pessoas tem de paixão por times de futebol, eu tenho por essa editora de quadrinhos. Cresci assistindo as séries animadas do Batman, Superman e da Liga da Justiça. Um pouco mais velho, passei a gostar de quadrinhos e ler bastante HQs do Batman, Superman e Lanterna Verde principalmente. Nos games, a série Arkham e o jogo de luta Injustice me conquistaram de imediato. Apesar dos pesares, sempre gostei dos filmes da DC, Batman de Tim Burton, Superman na era Christopher Reeve, o tão criticado Superman O Retorno que na época e até hoje gosto muito. A trilogia Batman de Nolan. Porém, nenhum desses filmes recriava fielmente as sensações que eu sentia ao ler, assistir ou jogar as obras da DC Comics. Até que um dia veio um filme que mudou tudo pra mim. O Homem de Aço.

Na época ninguém esperava que esse filme fosse ser o inicio de uma nova era para a DC nos cinemas, e eu me apaixonei de imediato por ele. Quando então foi anunciado uma continuação, fiquei ansioso, porém, quando os atores foram escolhidos fiquei com um pé atrás. Hoje, bato na minha boca por algum dia ter duvidado da competência de qualquer um desses atores para seus papéis. Hoje, assim como em Man of Steel, eu senti novamente a emoção dos quadrinhos, das animações e dos jogos em um filme. É como um sonho se realizando, ver os maiores ícones das histórias em quadrinhos, juntos em uma super produção cinematográfica de qualidade.

É um retrato fiel dos personagens? Não, não é, é uma adaptação, mas uma adaptação digna. O próprio Superman, a figura mais problemática de todo esse universo cinematográfico é retratado como um deus que a qualquer momento pode se tornar um tirano mortal, mas ao invés disso dedica-se à ajudar a humanidade. Batman, diferentemente dos quadrinhos, não possuí o código de ética de não matar aqui e elimina quem ver pela frente. É difícil analisar a Mulher Maravilha dado o curto espaço de tempo em tela. O que eu considero aqui não é que essas adaptações sejam algo ruim ou que isso estrague os personagens. O conceito de multiverso é algo muito presente nos quadrinhos da DC, então para mim esse DCCU é uma realidade alternativa, um dos muitos universos presentes no multiverso DC onde cada autor, cada criador tem sua liberdade para criar em cima disso.

Em questões de qualidade e de o quanto eu devo pedir desculpa a Ben Affleck, só preciso dizer que apenas o Batman desse filme consegue engolir por completo Christian Bale da trilogia Nolan e seu câncer na garganta. Uma das poucas ressalvas que eu tenho com o filme é o Lex Luthor de Jesse Eisenberg. Achei muito forçado, cheirado a cocaína, ligado no 220 e cheio de faniquito. Quanto à Mulher Maravilha, o pouco que apareceu só posso dizer que sua cena de luta roubou o filme! Estou louco para ver seu filme solo.

Em relação às criticas negativas que o filme tem recebido e comparações com o universo Marvel: As pessoas andam muito acostumadas com os filmes coloridinhos, engraçadinhos e bonitinhos da Marvel. O que a DC fez aqui é um serviço de utilidade pública aos fãs de quadrinhos. A escola de cinema Marvel apenas incentiva as pessoas que pensam que quadrinhos e filmes de super heróis são coisas de crianças a continuarem a pensar assim e a reforçarem esse tipo de pensamento preconceituoso. Zack Snyder nos dá aqui algo totalmente diferente do que o cinema de super heróis vem mostrando atualmente. Algo sombrio, violento, dramático, algo que nem mesmo nos pesadelos mais terríveis do Mickey Mouse seria feito. Batman vs Superman é um filme necessário para trazer uma mudança de paradigma na visão de que filmes de heróis são para crianças, assim como foi feito nos quadrinhos na década de oitenta por Alan Moore e Frank Miller.

Para quem é fã como eu, vai ver muita coisa tirada dos quadrinhos, de O Cavaleiro das Trevas a A Morte do Superman. Os próprios movimentos de luta do Batman lembram muito os jogos da série Arkham. O que mais há nesse filme é fan service e isso de maneira alguma é um ponto negativo. O filme deixa um claro gancho para um futuro filme da Liga da Justiça e futuros filmes solos de outros heróis.

Hoje, eu realizei um sonho, de ver a santíssima trindade dos quadrinhos unida nos cinemas. Vi cenas das páginas das HQs saltarem para as telas. Me emocionei com o que eu considero agora o melhor filme de quadrinhos já feito e estou ansiosíssimo pelo que o universo cinematográfico DC vai trazer pela frente.


domingo, 20 de março de 2016

Solidão, depressão e suicídio

Eu quero falar de um assunto muito pessoal para mim. Algo que eu sei que muita gente não dá a mínima, muita gente tira sarro desse assunto, mas tem muita gente que sofre disso, que passa ou já passou por isso e sabe que isso não é "frescura" como muita gente fala por ai. Eu quero falar sobre depressão. Uma doença que hoje já é considerada o mal do século.

Eu primeiro vou contar sobre a minha experiência pessoal com a depressão. Não é uma história bonita, não é algo que eu gosto de me lembrar nem que eu goste de falar sobre, mas é algo que precisa ser discutido. Há alguns anos, uns quatro anos, mais ou menos, não tenho certeza, eu estava morando em São Paulo, tinha recentemente me mudado de Macaé onde possuía vários amigos, porém a mudança de cidade me afetou drasticamente. Fiquei morando lá com meus pais, minha irmã recém nascida e nenhum amigo. Eu me sentia sozinho, vazio. Uma casca sem  preenchimento. Não só isso as constantes brigas com meu pai só pioravam as coisas. Enfim, eu passei cerca de dois anos em São Paulo, aquela cidade com um ar opressor e deprimente. Matava aulas sempre que podia, não tinha coragem para ir no colégio, só queria ficar em casa.

Um dia, eu não aguentei mais a pressão e acabei por dar um xeque mate em mim mesmo. Eu tenho síndrome de tourett, que pra quem não sabe são diversos tiques motores involuntários que a pessoa acaba realizando, e por causa disso eu tomava, e ainda tomo remédios controlados. Nesse dia, eu sai de casa fingindo que ia pra escola, esperei meus pais irem para o trabalho, e voltei para casa. Em casa, eu acabei tomando todos os meus remédios de uma vez só, não só os que eu já estava tomando como também as caixas reservas para durarem semanas. A quantia exata de comprimidos eu não sei dizer mas foram muitos. Depois que eu  fiz esse ato de estupidez infinita, eu me dei conta do que eu havia feito. Fiquei desesperado. A primeira coisa que eu pensei foi na minha família, na minha irmã. Se eu morresse ali agora, como eu veria minha irmã crescer? O que seria da minha família? Dos meus pais, meus avós? Então eu peguei o celular e liguei para minha mãe que estava no trabalho e falei o que eu havia feito. Um adendo, era dia 1 de abril, então já sabe né, imagina se ela acha que é mentira. Felizmente ela acreditou, ficou desesperada, falou pra eu tentar vomitar os comprimidos fora e ligou para o porteiro do prédio me levar para o hospital correndo.

No caminho, enquanto o porteiro me levava para o hospital, que se não fosse por ele, hoje eu estaria morto, eu não estava com medo de morrer por causa dos remédio, mas sim de como o homem dirigia como um louco pra chegar logo no hospital. O negocio foi que eu passei uma semana na UTI, tomando um negócio de carvão lá pra filtrar meu organismo com a merda de um tubo entrando pelo meu nariz, passando pela minha garganta e chegando no meu estomago. Mas isso era o de menos, a vergonha de não conseguir ir no banheiro e acabar me cagando todo na cama pra depois as enfermeiras me darem banho na própria cama era maior. Pra urinar, sonda enfiada você sabe onde.

O que eu aprendi com isso tudo. Eu aprendi a valorizar a minha própria vida. Depois de passar por uma experiência muito pior do que a morte, eu vi que o suicídio não vale a pena. Não só isso. Meus avós que moravam aqui em Londrina, ao saberem do que aconteceu, foram correndo me ver no hospital. Meus pais ficaram ao meu lado o tempo todo. Eu percebi que eu tinha pessoas que se importavam comigo e me amavam, por mais fodida que estava minha vida.

Mas o que eu quero dizer é: tem muita gente que julga os outros sem saber pelo que essas pessoas passam. O sofrimento não existe só na forma física ou econômica, o sofrimento emocional é o mais presente de todos. Antes de você julgar alguém dizendo que o que ela diz estar passando é frescura, se coloque no lugar dela.

Eu conheço pessoas que consideram a depressão delas como falta de deus no coração e falta de rezar. Sério, isso me emputece muito. A pessoa não precisa de um padre ou um pastor, ela precisa de um psicólogo, um psiquiatra. Eu já cansei de ver em páginas de facebook moleques idiotas dizendo que pessoas com depressão que se cortam como uma forma de extravasar o sofrimento é falta de dar, é menina mal comida. Além de falta de compreensão, ignorância, também é machismo do pior tipo.

Tem muita gente que considera pessoas que tentaram suicídio como covardes por quererem fugir da vida. Amigo, desculpa mas não é nenhum tipo de covardia querer acabar com um sofrimento insuportável, por mais que hoje, depois da minha experiência eu seja totalmente contra o suicídio e acredite que com ajuda profissional e antidepressivos a pessoa pode ter uma vida feliz e saudável de novo.

Eu não consigo eleger um melhor dia da minha vida, mas o pior dia eu vejo ele de longe como esse em que eu tentei suicídio. Até hoje é difícil lembrar disso, escrever esse texto por exemplo está sendo extremamente desagradável. Porém hoje eu sou uma nova pessoa. Me afastei daquela cidade opressora que por mim nunca mais volto a morar. Moro com meus avós em uma casa com um clima muito mais agradável. Tenho diversos amigos aqui que eu amo muito. E sim, eu tomo antidepressivos, se eu ficar sem eles já bate aquela bad.

Se você tem depressão ou conhece alguém que tenha, procure ajuda, não precisa passar por isso sozinho. E se você julga alguém sem saber pelo que ela passa, não seja um babaca e procura conhecer melhor o problema dessa pessoa antes de falar merda.


quarta-feira, 9 de março de 2016

Baphomet: As faces do Bode mais famoso do ocultismo

Introdução

A figura conhecida como Baphomet é envolta em mistério, não se sabe ao certo sua origem, porém há escritos datados por volta do século XI relatando sobre a já existência da imagem da entidade nessa época.

Hoje, o símbolo é conhecido por ser associado ao ocultismo, esoterismo, magia, bruxaria, satanismo. Por mais que sua representação mais conhecida seja a figura ilustrada por Eliphas Lévi em 1897, Baphomet já era cultuado pelos templários muito antes disso.

Etimologia e imagem

Não há um consenso quanto a origem da figura, entretanto existem suposições de que Baphomet seja baseado ou apenas relacionado com outras deidades de diversas partes do globo como Egito, Índia, Grécia, Celta.

A etimologia não é menos envolta em mistério quanto sua origem. Enquanto alguns pesquisadores afirmam que o nome Baphomet possa ser a corruptela do nome Muhhamed, o profeta do Islamismo, outros dizem que possa ser a ligação entre o nome de três deuses: Baph, de Baal, Pho, derivado de Moloch, e Met ligado ao deus Set. Ainda, em uma outra versão, ao aplicar-se a cifra de tradução judaica Atbash ao nome Baphomet, encontra-se a palavra Sophia, o que em grego significa "sabedoria".

Sociedades secretas e demonização pela igreja

Ao longo das cruzadas, A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, ou apenas os Templários tinham como missão proteger os peregrinos em seu caminho à Terra Santa e receberam como base o Templo de Salomão, em Jerusalém. Segundo a lenda, eles possuíam o Santo Graal, porém isso não vem ao caso.

Ao longo das cruzadas, os Templários cultuaram Baphomet como um símbolo de conhecimento. Ao fim das cruzadas e com a perda da Terra Santa parra os muçulmanos, a igreja queria desmoralizar e desmantelar a ordem. Como a ordem estava com dívidas com o Rei Filipe IV da França, e com o apoio do Papa Clemente V, por os templários serem isentos de pagamentos de taxas a igreja, a adoração do ídolo Baphomet foi usada como bode expiatório, julgado o diabo pelo rei da França e pela Igreja Católica para a condenação dos cavaleiros a fogueira.

Mesmo após essa demonização, houve que cultuasse a figura, como os Maçons. Eles não o adoravam como um deus, no entanto o usavam como uma imagem de conhecimento onde sua simbologia era ensinada apenas para os mais graduados na ordem.
  
Eliphas Lévi e o simbolismo

Diferentemente do que caiu no imaginário popular da figura de Baphomet como sendo a Besta bíblica, ele é uma representação dualística e de conhecimento. Nossa imagem mais conhecida dele é a criada por Epliphas Lévi onde o mago ocultista francês o representa com grande simbolismo de dualidade.

Na figura ilustrada por Eliphas Lévi representando Baphomet, o pentagrama na testa do bode representa iluminação. A cabeça e pernas de bonde entram em contradição com o corpo humano, o qual representa a parte animal do ser humano. Baphomet é representado com seios, o que significa o sexo feminino, e o caduceu de Hermes é o falo, o sexo masculino. E no caduceu há as duas serpentes, a negra e a branca.

O caduceu de Hermes no esoterismo significa uma busca pela equilíbrio do corpo e do chakra tentando alcançar a abertura do terceiro olho, o que poderia ser o pentagrama. Na figura, Baphomet está com um braço para cima e um para baixo, "assim na terra como no céu" seria a melhor sentença para explicar essa simbologia, colocando que o que está acima é igual ao que está abaixo. Em seus braços está escrito "Coagle" e "Dissolve", as operações fundamentais da alquimia, coagular e dissolver.  Seus braços apontam cada um para uma lua diferente. A branca em cima sendo Chesed, e embaixo a lua negra Geburah, o que na cabala judaica significam conceitos distintos. Chesed associa-se à" bondade dada aos outros" enquanto que Geburah é relativa da "própria vontade de conceder bondade aos outros, quando o destinatário do bem é considerado indigno e suscetível de abusar desta".

As asas representa o céu, enquanto que a esfera onde ele se senta é a terra. As escamas em sua barriga é o mar,assim como o halo abaixo do caduceu é a atmosfera, do mesmo jeito que as escamas representam a água e o fogo acima da cabeça, o próprio fogo, além do conhecimento.

Conclusão

A partir de então, a figura de Baphomet é associada à do próprio Lúcifer, Diabo ou Satã pelos cristãos, causando medo e preconceito. Contudo há aqueles quem ainda ousam se estudar nos conhecimentos profundos do esoterismo e ocultismo e conhecer a figura, por que não simpática?

O que diferencia os templários de Eva, tentando provar da árvore do conhecimento? O ser humano teme o que não compreende, assim o faz com a figura "diabólica" de Baphomet que nada mais é do que um deus do conhecimento, de dualidade, bem e mal.

Mesmo em pleno século XXI e ainda nos encontramos encobertos pela ignorância e preconceito da idade média, e nem ousarei entrar na parte política da coisa. Assim como a queda de Lúcifer, a Estrela da Manha em Isaías 14:12, nosso pobre Baphomet teve sua queda nas mãos dos ignorantes e temerosos.

Como a Igreja Católica, assim como qualquer religião tenta pregar um verdade absoluta do universo, aquilo que se opões à sua verdade, um Satã, do hebraico, opositor, nosso Baphomet no caso, que se opões aos dogmas cristãos de uma única verdade absoluta.

O próprio satanismo e a Igreja de Satã que de nada de maligno possuí além do nome a princípio assustador, mas que no final das contas propaga o individualismo e a adoração à si mesmo como seu próprio deus na vertente do Satanismo LaVey, diferente do Satanismo Teísta, o qual cultua realmente a divindade demoníaca. A Igreja de Satã utiliza o sigilo de Baphomet como símbolo, como afronta ao cristianismo ao até mesmo como uma confirmação do caráter de iluminação e de busca de conhecimento da figura do bode templário.  

Vemos novamente hoje, no oriente médio os símbolos de mitologias antigas serem destruídos por fundamentalistas que recriam atrocidades cometidas antes por outras grandes religiões, afirmando em alto e bom som "o meu Deus é o único e verdadeiro", mal sabem eles que daqui mil ou dois mil anos, o deus deles estará na mesma situação que os deuses que eles destroem hoje. No final das contas, o que é religião hoje, amanhã será mitologia.